TRANSFIGURAÇÃO

[Por Leandro Martins de Jesus]

Na transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo (Mc 9,2-10) vemos o esplendor da glória de Deus manifesto em Jesus, para que possamos suportar com esperança e fé a nossa peregrinação terrestre (cf. At 14,22). O Papa São Leão Magno explica que:

“A principal finalidade dessa transfiguração era afastar dos discípulos o escândalo da cruz, para que a humilhação da paixão, voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinha sido revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo. Mas, segundo um desígnio não menos previdente, dava-se um fundamento sólido à esperança da santa Igreja, de modo que todo o Corpo de Cristo pudesse conhecer a transfiguração com que ele também seria enriquecido, e os seus membros pudessem contar com a promessa da participação daquela glória que primeiro resplandecera na Cabeça” (Leão Magno apud AQUINO, Felipe in: Alimento Sólido, p.179)

A montanha para onde Jesus se retirou com Pedro, Tiago e João faz referencia ao Monte Sinai, onde Deus se revelou a Moisés (Ex 34,29-30), a nuvem que os cobre sobre a montanha faz memória da nuvem que guiava o povo de Deus no êxodo libertário da escravidão no Egito (Ex 40,38). Ensina São Tomás de Aquino que a Trindade estava presente na transfiguração: “A Trindade inteira apareceu: o Pai, na voz, o filho, no homem, e Espírito, na nuvem clara” (S. Teológica, III, 45, 4 ad2 in CIC § 555)

A transfiguração é imagem inequívoca da Ressurreição, com efeito disse Jesus: “Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça.” (Mt 13,43). Também exorta São Paulo que Cristo “transfigurará nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,21).

A presença de Moisés e Elias no momento da transfiguração nos mostra que em Jesus Cristo, se cumprem a Lei (representada por Moisés) e os Profetas (representados por Elias). (cf. Jo 1,17; Mt 17,5). Assim como no batismo se manifesta o mistério da primeira regeneração, na transfiguração se manifesta o sacramento (sinal visível e eficaz) da segunda regeneração, a ressurreição (cf. CIC § 556), sem antes passarmos pelo calvário desta vida, carregando e nossa cruz e renunciando a si mesmo com a graça de Deus.

Que possamos unidos a Cristo buscar a transfiguração cotidiana de nossas vidas a fim de estarmos preparados para o dia da ressurreição!

L.M.J.

REFERENCIAS:

AQUINO, Felipe. Alimento Sólido. Cléofas, São Paulo, 2005.

Bíblia de Jerusalém. Paulus, 2006.

Bíblia Ave Maria. Claretiana, 1988.

Catecismo da Igreja Católica (CCI), Ed. Típica Vaticana, Loyola, 1992.

Leandro Martins de Jesus
Enviado por Leandro Martins de Jesus em 21/10/2015
Reeditado em 24/04/2020
Código do texto: T5421883
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.