DO TRINTA E TRÊS AO MÉDICO DE FAMÍLIA

ENSAIOS

Vivemos num mundo fast, onde tudo me parece descartável.

É a moda do FAST-TUDO!

Na era da informática, tudo nos chega prontamente às mãos, e a humanidade acredita que a vida pode se tornar virtual.

Uma vida programada em softwares!

Todas as relações interpessoais podem ser acessadas através da mídia, e hoje programações modernas e ditas “científicas” já fornecem o médico virtual , onde simplesmente digitando uma lista de sinais e sintomas, obtém-se um diagnóstico leigo da provável doença a ser tratada.

A era do FAST TUDO E DA BANALIZAÇÃO!

Mas paradoxalmente, os movimentos de resgate histórico se repetem ciclicamente, nos quais a humanidade volta às suas origens, a procura da verdadeira essência do tudo, e isto não poderia poupar as ciências, principalmente as da área humanitária.

E com a MEDICINA ,não é diferente, pelo contrário, considero o tal resgate necessário e emergencial.

Hoje, no modelo assistencial que se oferece, a tão enfatizada relação MÉDICO-PACIENTE, tende a se deteriorar na “urgência”do fast tudo.

Na falsa crença de que a modernidade dos exames de alta complexidade resolvem todos os diagnósticos, médicos e pacientes afastam-se cada vez mais!

Na impessoalidade... ambos adoeceram!

Fica cada vez mais difícil a disponibilidade de tempo para que possamos sentir as mãos dos nossos médicos sobre as nossas mãos.

A disponibilidade dos ouvidos, da atenção, da interação global, da quase telepatia entre ambos, virou modelo antigo e démodé, afinal, não há tempo para essas delongas!

Alguém se lembra do saudoso trinta e três?

Mas, a MEDICINA vai muito além da ciência tecnocrata!

A MEDICINA é arte, e como toda arte, não é programável, tendo que se colocar a serviço dos detalhes, da sensibilidade e da humanidade.

É uma arte holística que necessita do todo, avalia influências do meio, despe o corpo, desnuda a alma, integra as histórias... e depois segue a diagnosticar, curar, acalentar, ou tão somente aliviar todos os tipos de dores...

E aí, entra a figura do artista básico, aquele que vai ao campo, investigar a terra, adubá-la... para o reflorescer das flores.

O resgate do MÉDICO DE FAMÍLIA vem a esse encontro, justamente para se buscar o exercício da arte MÉDICA na sua essência.

E.nenhum programa de software, nenhuma tecnologia de ponta, nenhum “àz” da era FAST, em tempo algum, substituirá a única Arte, que busca na mais profunda intimidade do ser, seu instrumento para promover, resgatar e manter o nosso maior patrimônio... a saúde.

Aquela e tão somente que nos devolve o bem estar global... e a alegria de viver...