Sonhos, Um Buraco Negro Onírico

Quando pensamos a respeito da realidade de quem dorme, ou seja, aquele ser que vive, o que é denominado ser vivo, estamos diante de um evento muito discutido e detalhado por grandes nomes como Freud. Mas fugindo da interpretação dos sonhos e sem adentrar no processo fisiológico a que leva o ser vivo a dormir e a sonhar, procuro expor aqui uma relação feita através dos mecanismos que desencadeiam e consequentemente o fazem acontecer.

Acordados, captamos tudo aquilo que é possível captar, dentro de nossa limitações. Tais informações são gravadas, compondo uma memória. O acúmulo de memórias seriaa nossa expansão, relacionando de forma generalista ao que ocorre no Universo. A medida que expandimos, vamos acumulando quantidades de impressõ0es que se acumulam. Mas assim como o Universo, também temos nossas limitações, o que faz com que seja necessário um processo de transformação a medida que captamos o apreendido.

De maneira similar a matéria maciça acumulada e compacta de uma estrela que faz com que ocorra uma colapso da mesma, nós também compromimos até o momento de ocorrer a chamada Singularidade, onde nasce o Buraco Negro, que seria o responsável por engolir nossas memórias, criando aquele Horizonte de Eventos, e a partir desse ponto, Tempo e Espaço deixam de existir, a partir daquela interação que os próprios causaram na gênese do evento, fazendo uma curvatura no plano sináptico, a ponto de reorganizar as células, ainda que as mesmas estejam aparentemente repetindo o processo de transmissão de impulsos nervoso, possibilitando novas memórias.

O argumento exposto explora a possibilidade desses fenômenos ocorrerem durante o sono, quando acumulados de apreensões, exauridos e com a necessidade de dormir para que o Buraco Negro venha surgir em seu esplendor. Não que o cérebro se desligue quando dormimos, assim como o Buraco Negro não se desvencilha do restante do Universo, mas cria um evento singular, fazendo com que a realidade seja transformada por uma necessidade que a própria realidade necessita, já que a expansão do finito exige realocar-se. Domir desmontra esse acúmulo que precede o evento, formando aquela massa que se condensa até o ápice do fenômeno.

Claro que existirão os argumentos a respeito disso ocorrer estando acordado. A perda de memória ou esquecimento é algo habitual, muito maior do que a memorização. Alguns pensadores chamava o ato de dormir como uma pequena morte, já que no outro dia somos outros e não os mesmos de ontem. A partir dessa perspectiva que o sono possibilita essa imersão, ao contrário do cotidiano esquecimento, que seria algo mais próximo a colisões atômicas que fazem parte da dinâmica universal e que nem damos conta, apesar de serem essenciais. O Buraco Negro é algo que causa uma discrepância na percepção, devido a sua intensidade. Também se pensarmos em algo degenrativo, como o Alzheimer, existe um colpaso do Universo, pensando no conjunto de homens como Multiversos, ao contrário do Buraco Negro que faz esquecer, agora tudo está sendo tragado ao esquecimento e tenta-se resistir com restos de memórias, como fragmentos soltos que vagam pelo Espaço. O colapso seria o fim da vida, fazendo com que tempo e espaço mais uma vez deixassem de existir, eis o fenômeno da morte, onde corpo e mente sucumbem e passam a agregar outros estados de recomposição do que está além do universo humano.

Existe a insônia, pessoas que morrem por não dormir, o que causa um acúmulo insuportável. O Buraco Negro causado durante o sono é fundamental nas novas formas de dimensionar a realidade apreendida. Morre-se aos poucos para adiar a morte do Todo. Esse processo de criação e destruição já ocorre a nível celular. Mas subjetivamente, falamos a respeito da memória e sua necessidade de armazenamento, criando uma logística de aproveitamento do espaço, que gera a necessidade de eliminação para o corrente fluxo. Dormir é se abrir para outras dimensões, dobrar-se e desdobrar-se em memórias, colapsando realidades subjacentes, se reinventando diante da necessidade de espaço e tempo.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 04/01/2016
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