Uma breve análise do mundo hoje

Teorizações exigem a construção de variáveis adequadas à solução dos problemas propostos. Convém que sejam conceitos abstratos, ultrassimplificados, despojados dos atributos que sempre adornam as coisas de nosso mundo. O cálculo de órbitas planetárias, por exemplo, exige que se considerem os planetas apenas pontos materiais, despojados de tudo, exceto suas massas. Ultrassimplificarei.

O cenário

Consideremos um jogo com os seguintes personagens:

Donos do mundo – São os bilionários, os caras que fabricam dinheiro e dominam as grandes corporações multinacionais.

Senhores da guerra – Controlam as forças armadas americanas, o maior poderio bélico já existente, com bases encravadas pelo mundo inteiro.

Chineses/russos – Potências emergentes.

Os donos do mundo são uns caras muito ricos mesmo, acostumados a mandar em tudo, sempre mandaram, foram crianças muito mimadas. Muito raramente foram contrariados, não sabem lidar com isso, não aceitam a negação de seus desejos.

Os senhores da guerra são guerreiros, fazem guerra, vivem para isso. Circulam pelo mundo inteiro, mas não costumam fazer muitos amigos. De fato, têm gerado e alimentado ódios profundos por quase todo o mundo.

Chineses/russos são aliados, tentam resistir ao poderio da dupla anterior. Recentemente, a economia chinesa superou a americana, o que se encontra documentado nas estimativas dos respectivos GDP/PPP, o PIB corrigido desses países. O PIB americano, sem o fator de correção, ainda é maior que o chinês em virtude da manutenção de um fator de escala que supervaloriza o dólar frente ao yuan. Uma queda do dólar seria suficiente para inverter a situação.

O yuan, a moeda chinesa passará a competir com o dólar, tornando-se moeda de reserva internacional em outubro, enquanto a dívida trilionária crescente dos EUA tenderá a levar o dólar à ruína após o estouro da próxima bolha. A derrocada do dólar, revelará a superioridade real da economia chinesa.

Quando isso ocorrer, os chineses assumirão as rédeas da economia mundial definirão novas regras, novos árbitros. Remodelarão todo o jogo. Os chineses vêm superando os EUA sob regras e árbitros americanos; sob novas regras que lhes favoreçam, a goleada será avassaladora.

Os donos do mundo não gostam dessa ideia, são criaturas mimadas que nunca foram contrariadas, sabem que o serão. Em vista disso, deixaram os senhores da guerra de prontidão, a um sinal, poderão arrasar China/Rússia. Nesse caso, espera-se retaliação, com consequências imprevisíveis. O futuro da humanidade pode estar em risco.

Providências de ordem militar e diplomática têm sido tomadas por ambos os lados. Recentemente, um golpe na Ucrânia fechou o cerco em torno de China/Rússia, preparando o ataque. Em resposta, a China estabeleceu diversas bases militares em ilhas artificiais construídas no Mar da China, abrindo para ela um respiradouro.

Diplomaticamente, uma guerra dessa magnitude seria virtualmente injustificável. Terá sido a maior de todas as insanidades já cometidas. Tal desvario, o assassinato de bilhões de pessoas, só poderá acontecer com o aval da comunidade internacional. Com bases americanas encravadas por todo o seu território, a Europa tornou-se alvo prioritário em caso de retaliação, o mesmo ocorre com o restante da Ásia. Europeus e asiáticos temem fortemente o conflito absurdo, sabem que sofrerão gravemente. Tentarão se opor a tal loucura.

Nesse contexto, o posicionamento do Brasil relativo à insanidade teria uma enorme importância. Historicamente, o Brasil sempre esteve subserviente aos EUA. Lula foi o primeiro presidente brasileiro a manifestar certa independência relativa aos EUA. Dilma teve a “petulância” de expor e “passar um pito” no presidente americano, após o episódio da divulgação da espionagem americana sobre o mundo inteiro, incluindo correspondências de líderes como Dilma Rousseff e Angela Merkel.

Uma atitude brasileira de independência, posicionando-se contrariamente a um ataque insano contra China/Rússia, tenderia a alinhar os sul-americanos contra a guerra, fazendo coro com europeus e asiáticos apavorados pelo risco iminente. A consequência seria o isolamento dos 5 olhos (os grandes países de língua inglesa), em seguida, dos EUA, isolando, por fim, apenas os setores duros de lá, representados pelos Senhores da guerra.

Creio ter sido esse o moto da tentativa de golpe em curso no Brasil. Seria necessário substituir Dilma por uma marionete dos EUA para, na eventualidade da deliberação de um ataque, contar com o apoio do Brasil, América do Sul e outros.

Pode-se imaginar que, sendo, de todas, a coisa mais insensata que se possa fazer, não haveria possibilidade de um ataque como esse. Há, no entanto, obstáculos à sensatez. Os Senhores da guerra conhecem, melhor que ninguém, seus próprios crimes; não esperam clemência, caso venham a ser subjugados. Nesse caso, serão condenados e execrados. Não permitirão, por isso, a subjugação através de meios econômicos; seguram o porrete e pretendem mantê-los em mãos.

Haverá intensas provocações no Mar da China, ao redor das ilhas artificiais. Embarcações fortissimamente armadas continuarão singrando a região, como fanfarrões em busca de confusão. Incidentes sucessivos entre vasos de guerra poderosíssimos serão com fagulhas geradas entre barris de pólvora. Estamos por um fio.

Os Senhores da guerra aguardam a escolha e a posse do futuro presidente americano para definir diretrizes claras e específicas para os próximos anos.

Ao mesmo tempo, o provável estouro de sucessivas bolhas econômicas resultando na derrocada do dólar e esboroamento do império americano, fermentará rebeliões internas por lá, que se disseminarão por todo o planeta, gerando incertezas capazes de abrir a caixa de Pandora. Estamos no olho do furacão.