PEÇA TEATRAL - A TURMA PERFEITA

PEÇA TEATRAL SOBRE EXCLUSÃO.

A TURMA PERFEITA.

Marina – Oi gente tudo bem, meu nome é Marina Albuquerque Jordão, eu resolvi fazer Educação física porque é algo que eu adoro, ela mexe com todos os sentidos, os músculos, enfim me faz viver, para fazer educação física tem que enxergar muito bem, escutar muito bem...bem gente, bem professor, eu espero ser a melhor aluna desta classe, brincadeirinha gente! Amei vocês! São tão saudáveis.

Logo após esta pequena apresentação de boas vindas, por parte da aluna Marina, em sala de aula, o professor tutor da turma, pede para o próximo aluno falar, ele é a bola da vez, após o sorteio, que o mestre fez no início da aula, para que a turma perceba que não existe ali nenhum tipo de preferência, e da forma mais democrática possível o docente procederá do início ao fim do curso: Assim ele explicou neste primeiro dia de aula de esta turma estreante em Educação física de uma Universidade muito conhecida.

Professor Rogério: - Venha Rojualdo pode começar: Rojualdo - “Meu nome é Rojualdo Silva de Jesus...” após isto, parece que alguns sussurros são ouvidos, tipo pequenos risos baixos que escapam dos lábios da clientela granduanda, porém o aluno continua sua apresentação, que só é interrompida pela chegada tardia de uma aluna, que entra usando uma bengala, pede licença falando mui baixo...e procura lugar para sentar.

Outra aluna chamada Rute Martins diz – “Cruz credo” Bem baixinho, mas é claro que alguém não deixa de ouvir...bem o rapaz continua sua explanação e finaliza parabenizando a todos pela conquista de estar num curso de graduação. Um jovem chamado Wesley olha para trás e repara a moça com a bengala, de forma aviltante. E o professor percebe aquilo, e franze o cenho, Rogério Guerra, é mui correto com o mundo pedagógico e um defensor ferrenho da Inclusão, um tema que inclusive faz parte de seu mundo de forma sui generis, já que ele além de professor, também é escritor, e desta área específica...E ele chama pela ordem de sorteio o próximo aluno: Flávio Alcântara, que levanta e começa sua performance utilizando um linguajar bem formal ao que tange a norma culta da língua, ele não utiliza gírias, e pede para que a moça que chegou depois venha ocupar seu lugar, já que não participou do sorteio anterior, pois chegou trinta minutos após o início da aula inaugural.

Fernanda levanta e balbucia – Desculpe eu não ouvi o que você falou , e pega seu caderno tira uma folha e escreve o seguinte “ Sou portadora de audição baixa, e TB, preciso estudar, e estou usando bengala pois me recupero de um acidente de carro, onde tive meu pé esquerdo danificado”.

Quando Rogério acaba a leitura, ele chora, e todos ficam olhando para aquela cena com expressões sérias, ou tristes: Ai então o professor pede para todos levantarem e apertarem as mãos saudando uns aos outros, porém a moça chamada Rute profere : - Ei a minha apresentação fica onde? Não vai haver? Vale nota? Então o professor diz que uma das disciplinas da grade da docência que será vista no próximo bimestre será Educação Inclusiva. A garota faz uma contorção no seu semblante que denota deboche e raiva, pede licença e sai dizendo: Vou pedir para trocar de turma. E todos se entreolham com rosto de surpresa.

Quatro anos mais tarde, aquela turma se gradua, Rojualdo e Fernanda obtêm os melhores resultados, somente Wesley para de estudar no segundo bimestre, pois foi pai, de uma criança com deficiência física neuromotora e precisava se dedicar muito a ela.

“QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA”

P.S. TB- TRANSTORNO DE BIPOLARIDADE, COM ALTERNÂNCIA DE

HUMOR.

Valéria Guerra Reiter – escritora – atriz – poeta .

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 15/06/2016
Código do texto: T5668015
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.