Ensaio - TEMPO

Fazia um dia lindo, o sol brilhava lá fora e me pus a ler. O sofá desconfortável, a dor nas costas me incomodava. Era uma leitura difícil, longa!

Ao me deparar com aquela palavra no texto, algo me fez viajar, e resolvi desvendar o mistério dela: dizia a passagem: “o tempo é versátil, o tempo faz diabruras, o tempo brincava comigo, o tempo se espreguiçava provocadoramente, era um tempo só de esperas [...]” (p.33).

O tempo... ouvimos e falamos tanto nele, mas nunca nos pusemos a refletir profundamente. Tempo, esse substantivo simples, nem tão simples assim, masculino, com duas divisões silábicas.

Cada um de nós tem o seu tempo, nesse espetáculo chamado vida. Vivemos sem saber o quanto temos, mas buscamos aproveitá-lo bem.

Ah, o tempo! Ele nos prega cada peça! É arisco, corre quando queremos alcançá-lo, e se arrasta quando temos pressa. Nunca teremos autoridade sobre ele. E para os amantes, o que é o tempo? É a ânsia da espera, é a tortura, quando não passa. Para os poetas o tempo já rendeu muitos poemas, alegres, tristes... Um deles, o meu preferido diz que o tempo voa [...] Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal... [...] Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. [...]

O que fica é a falta do tempo que se foi....

Mais adiante na leitura, eis que ele aparece novamente: [...] “o tempo, o tempo, esse algoz às vezes suave, às vezes mais terrível, demônio absoluto conferindo qualidade a todas as coisas, é ele ainda hoje e sempre quem decide e por isso a quem me curvo cheio de medo e erguido em suspense me perguntando qual o momento, o momento preciso da transposição?” (p.34).

Para os jovens o tempo é algo quase desconhecido, para os mais velhos, o tempo já trouxe muitos ensinamentos.

O tempo, tão ávido, tão veloz, tão devagar, tão “intempestivo”. O tempo,esse intervalo entre um piscar de olhos, entre o agora e o daqui a pouco.

Drummond nos diz que o tempo não passa no abismo do coração. Lá dentro, perdura a graça do amor, florindo em canção. [...] O tempo é todo vestido de amor e tempo de amar, O meu tempo e o teu, amada, transcendem qualquer medida [...].

O tempo anda de mãos dadas com o amor, com a vida, e cabe a ele, passando, amenizar as dores, trazer os aprendizados, acalmar o coração, trazer respostas. Citando mais uma vez o poeta “O tempo não cura tudo, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções”.

O tempo vai passando, quantas coisas por fazer... Quanto tempo será que temos? Será que chegarei ao final dessa reflexão? Quem saberá! O tempo a nós não pertence, nos é emprestado enquanto estivermos por aqui.

O tempo é relativo, pode ser longo, como os anos, curto, como as horas, os dias, e está estritamente ligado à nossa existência.

Escrevo um pouco, dou um tempo, reorganizo o pensamento. Ah, ele já foi longe. Eu tento criar relações para o tempo, mas ele está indo. A única certeza é que o tempo não pertence a mim, nem a você. Nós somos transitórios, o tempo não!

O tempo deixou marcas em mim. Sua mão pesada me trouxe a maturidade. É tão imparcial que não poupa os ricos, nem os pobres, nem homens, nem mulheres. O tempo me rendeu um poema também:

“E os dias passam impiedosamente sem se importar

Se fizemos tudo o que tínhamos de fazer

Ou que queríamos realizar.

Há muitas coisas que se acumularam,

À espera do dia "favorável" ...

Mas quem sabe ele nem chegue...

Ou quem sabe foi sem que percebêssemos!

Quantos arrependimentos, quantas aspirações!

Sem saber o dia de amanhã,

Ficamos à espera

À mercê do tempo...

Quanto tempo ainda temos??” (Gizlaine)

Depois desse amontoado de palavras, que podem parecer sem sentido, finalizo com as palavras do Paulo que dizem que o tempo é o “Ponteiro invisível da vida, peça necessária do fim”.

Giz Campos
Enviado por Giz Campos em 08/07/2016
Reeditado em 08/07/2016
Código do texto: T5691900
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