História dialética da árvore:

Pensamos num mundo de infinitas possibilidades e buscamos a síntese. Neste ato infeliz sabemos que toda sintetização é por si excludente. Quando queremos chegar ao conceito, buscamos nas vicissitudes dos fatos aquilo que pode ser universal, e num ato lógico colocamos para fora todos os seus acidentes. O mundo bem que poderia se importar com a história da árvore, tão singela, tão única; árvores trazem em si uma história, mas que nunca é vista. O Homem como criatura conceitual, pensa tolamente que toda árvore é um ser igual, se pensasse mais dialeticamente, poderia ver a beleza de tantos fatos, interiores e exteriores, que fazem com que esse pobre ser possa se tornar tantas coisas, tão diferentes, tão únicas e que tornam nossos conceitos más aproximações. Somos seres de pensamento, sem sentimentos. Cremos construir o mundo com as palmas das nossas mãos, e não vemos que nossa imaginação tem tantas limitações.

Via-se na passagem do tempo que o acaso trouxe mais uma semente. Claro que tudo isso ocorria muito aleatoriamente e, por isso, se a planta tivesse um tanto de consciência provavelmente pensaria se havia ali encontrado o terreno ideal. Síntese de representações, toda árvore necessita de um bom solo, um fluxo de umidade, sol e espaço, tudo isso em condições ideais para que seu crescimento possa concretizar o máximo da potência. Poderia nossa amiga ter a chance de encontrar um bom semeador, plantas cultivadas por seres humanos encontram já previamente montado um ambiente que abarca todas essas condições num único lugar. Tal ser poderia ser de outra época, protagonista capaz de trazer a humanidade um ato de grande progresso cultural. Ou então, mas um ser que traria aos ambientalistas grandes problematizações. Suas condições determinariam um futuro que poderia ser dela, da humanidade e até mesmo do planeta.

Sua sinfonia daria à terra condições de ter equilíbrio ecológico. Poderia ter condições internas de produzir muio carbono, de servir de madeira a uma casa no meio da floresta. Seu aconchego, se fosse grande, poderia servir para ser afagada por um grupo de jovens hippies,que viam em seus ramos a poesia necessária para contestar as normas da sociedade. Também poderia ser palco de um casal de namorados que dava ali seus primeiros beijos. Poderia não crescer, dependendo da espécie, ser pequena. Poderia assim ser alimento das ovelhas que trariam ao pobre pastor seu único sustento. Poderia ter folhas verdes, ter ramos cumpridos, folhas grandes, pequenas. Sua espécie poderia ser palco de tantas condições, catalogadas ou não pela biologia.

A árvore irá sempre trazer em si uma multitude de possíveis belezas, cujo o conceito, de tão sintético, nunca poderia abarcar…

PensamentoContos

Eric Deller
Enviado por Eric Deller em 14/08/2016
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