Finais felizes já não bastam...

Dia desses um amigo me disse: “É uma pena que as mulheres, em prol da tão sonhada conquista dos direitos iguais entre homens e mulheres, estejam incorporando à sua personalidade traços tão ruins e tão característicos dos homens, como a falta de romantismo, por exemplo.”

E não é que a falta de romantismo feminino tem causado furor no universo masculino?! Mas será mesmo que as mulheres perderam o romantismo? Será que nos tornamos predadoras a ponto de ver no homem apenas uma caça? Será que as mulheres aprenderam com os homens a separar amor de sexo e assim se tornaram menos dependentes e mais felizes?

Eu que convivo com inúmeras delas, afirmo com convicção: Em sua grande maioria, as mulheres continuam sendo românticas, sim. É claro que nenhuma delas sonha mais com os príncipes de contos de fada, mesmo porque nos contos de fada modernos, o estereótipo de “príncipes” e “princesas” ganhou um toque de realidade, são perfis mais comuns e menos perfeitos, o que em muito se difere dos personagens dos contos tradicionais, e de suas histórias sempre e necessariamente em busca de um final, em que todos “viveram felizes para sempre.”

As mulheres continuam românticas, mas menos subordinadas ao romantismo dos contos de fada - lindo, mas desconexo com a realidade. Digo mais, hoje as mulheres almejam e lutam por viver em relacionamentos felizes e não em apenas esperar por um final feliz.

Então, o que preocupa não é a falta de romantismo feminino, porque ele geralmente continua lá, um pouco menos explicito, mas vibrante como nunca esteve. O que deve provocar um frenesi no universo masculino é o fato da mulher ter se libertado de falsos clichês; de não sentir tanta necessidade de ouvir “eu te amo”, mas querer um relacionamento consistente o bastante para que cada pequeno gesto e cada pequena ação valham mais que qualquer declaração de amor.

Talvez o que inquiete e intrigue o meu amigo, não seja a falta de romantismo em si, mas o fato da mulher expor seus desejos, deixar claro que gosta de sexo tanto quanto o homem e que isso pode dizer muito numa relação. O que deve intrigar mesmo é que deixamos de romantizar toda situação e toda relação e passamos a dar romantismo ao que realmente pode virar uma história de amor e valer à pena.

Portanto, eu reafirmo, nós não nos tornamos menos românticas, nos tornamos mais seletas por questão de auto-estima e sobrevivência. Guardamos o romance para aquela relação, que apesar das dificuldades, proporcione mutuamente, numerosos momentos felizes; afinal finais felizes já não bastam.