Notas de rodapé de um domingo no bar

Algumas coisas que perpassam cotidianamente nosso meio merecem ser relatadas. Não estou aqui com o objetivo de meritocratizar nosso cotidiano, delimitando uma linha de coisas e sentimentos que merecem ou não ter importância. A proposta que tenho para nós é muito simples: transcrever sem licença ou conhecimento sobre um determinado objeto controverso, inclusive na sua origem. Hilário é que na minha pífia tentativa em tentar ser poeta, nunca passou pelo meu córtex cerebral tomar nota de coisa alguma. Porém, com as precauções necessárias, devemos concordar sobre o poder de alteração e criação que algumas bastantes cervejas têm sobre as pessoas. Uma força transformadora de pessoas inertes em empreendedores de textos no Word. Afim de poupar os caros leitores de mais linhas de enrolação sobre o objetivo dessa nota, venho comunica-los e provavelmente frustra-los, assinalando que o conteúdo desta nota não tem nada de revolucionário ou inspirador. Diz respeito ao tema mais clichês historicamente descritos na literatura, nas pinturas, na música (se levantarmos o pressuposto da separação desta com arte literária) e na nossa vida.

Escrevo sobre a mais pura e talvez mais controvérsia expressão de humanidade - no sentido empático que esse termo se propõe a oferecer.

Digito sobre o amor...

Deixemos avisado caro amigo, amor referido nessas linhas não carrega em nada a linha tênue dividida com o ódio ou se limita em ser uma posse. A controvérsia do amor que me proponho a dissertar está em suas formas ou corrigindo-me, em suas não formas.

Quem ousaria a dizer que o amor é geométrico?!

Geometria e qualquer outra exatidão não encaixam nesse pequeno texto. Até porque se tentarmos contextualizar o amor em ralação aos temas de algumas disciplinas escolares, obteríamos os seguintes resultados: Em química o amor trasbordaria das misturas homogenias e tornar-se-ia heterogenia usufruindo do direito assegurado pela ciência de ter quantas fases ele quisesse. Em português o dito cujo largaria o conceito de singular – que ele seria único a uma pessoa, e distribuiria toda sua pluralidade para os seres mundanos merecedores. Também se transformaria em verbo, seria conjugado do por todas as pessoas: Eu, o Nós, sem distinção de gênero se juntaria com Ela ou Ele, passaria por pretérito, presente e futuro, as vezes perfeito, de vez enquanto imperfeito, outras horas mais que perfeito.

A esses pensamentos desconexos sobre o envolvido dessa nota de bar - raro e ao mesmo tempo corriqueiro na vida humana, culpo o líquido de tonalidade amarela provido de álcool, risadas e ressaca.

Voltemos ao protagonista...

Malandro de paixão e boêmio de romântico, o amor tapeia os pobres mortais que tentam lhe impor regras, tentam (sem sucesso) escolher quem devem amar. Ingênuos seres mundanos achando que podem controlar algo que levou de refém até os deuses do olimpo. Inclusive Afrodite se rendeu - amou mais amou - o Amor em forma de amor a presenteou: entrelaçou-se por toda a extensão da deusa para ficarem amando; a divindade até então conhecida por ser a deusa da beleza recebe o título de deusa do Amor.

Nem mesmo a descrença nos deuses do olimpo causada pela advinda do deus cristão foi forte o bastante para acabar com o Amor. Pelo contrário, sem preconceito o amor amou o deus cristão, entrelaçou-se junto a ele para ajudá-lo em sua árdua missão. De palavras às parábolas a divindade Cristã ia conquistando e disseminando coisas sobre o amor, ao final esse deus também se tornou deus do Amor.

Caro leitor se chegou até aqui, preciso pontuar algumas coisas: meu agradecimento; admiração a sua paciência lendo algo tão desconexo como esse texto, e trago a excelente notícia que estamos chegando perto do término, não do amor é claro, pois para esse não existe um término conhecido, mas sim um término para esta nota cheia de nós e des- nexos.

Sentado na mesa do bar da esquina, chamado de botequim, observo com cautela os grandes responsáveis por esta nota, o artista principal vocês já conhecem, a história toda escrita nesse espaço de tempo de embriaguez é sobre ele, mas gostaria de chamar a atenção de vocês aos artistas que contracenam com o nosso galã, ajudando a aumentar sua popularidade.

Eles são a prova da existência desse sentimento que ultrapassa os deuses. Na verdade, se pararmos para refletir o título de deuses do Amor estão com eles.

Nossos demais artistas atuam entrelaçados pelo amor, eles amam!

Sentando na mesa do bar de esquina olho ao meu redor e vejo os artistas detentores do título aconchegados nas cadeiras rindo e bebendo o liquido causador de risadas. Com o canto dos olhos observo: uma Cleópatra envergonhada por ter zoado seu companheiro, o seu faraó. Ambos negros! Portadores de turbante e coroa, descendentes de Rá e Isis.

Desembaço meus óculos, engulo mais um gole de cerveja e agora quando olho para os artistas, surge uma figura ou um vulto, a olho nu e embriagado não consigo decifrar por completo se sua origem é figurista ou fantasmagórica. O que posso afirmar é que ao lado dos artistas estava o protagonista desta história: O Amor...

A todos nós desprovidos momentaneamente desse causador de epopeias não nos resumamos a tomar nota (tendo ciência que amor não cabe em nota) mesmo que essa nota seja na mesa de um bar.