Desminto. Desmito: ¨toda brincadeira tem um fundo de verdade¨

Olha aí, minha gente, o pai do abominável, ¨politicamente correto¨! É esse bendito ditado!

Peguem seus tomates e caprichem na mira, tô passando velozmente e podem escolher: acertam o poeta ou a cascata inserida nesse dito mau-humorado.

Como assim toda brincadeira tem um fundo de verdade? Eu diria que sim, que algumas brincadeiras, têm um fundo de verdade. Sem exageros, por favor! Menos...

Assim chegamos a esse estado de coisas; policiamento permanente, olhos beatos fitando pela fresta da janela, ou escancarada ação de agremiação controladora e opinião reacionária querendo formar exército para ditar regras: nada de gordo ou gordinho é obeso. Nem pensar, nêgo, negão ou neguim, minha neguinha... tá proibido o carinho. É afrodescendente!

Não posso mais brincar com meu chegado, meu irmão, que leva a pecha de pão-duro mão-de-vaca, agora é: - Ô Zé, seu ¨alimento à base de fécula de trigo com consistência rígida, ou então: - Ô seu, porção terminal do antebraço de uma fêmea mamífera da família dos bovídeos!...

Jesus!!!

E como é que fica a expressão: ¨ele é boiola mas é meu amigo!¨? Ele tem orientação homo-afetiva, mas é meu brother!?

Putz! Haja saliva e articulação! Ô trava-língua miserável!

Aqui ó, falá procês véi: até o Ritalino tem mais jogo de cintura. Isso irrita!...

Gente, a vida bem vivida tem base no bom-humor adquirido, carece espirituosidade... A tirada ligeira é fundamento para a boa sátira. É pimenta nas relações convocando resposta leve, de igual ardor saboroso. Desce pro play e brinca, criança!...´

Vamos inverter o ditado pra ver o que acontece? Digamos: ¨ - toda verdade tem um fundo de brincadeira¨. Pra mim, esse ponto de vista faz mais sentido. Podemos entender que toda verdade carece de abordagem bem-humorada. A verdade nua e crua costuma ser indigesta... Eu aceito a verdade do jeito que vier. Sou viciado em verdade.

É fácil reconhecer a verdade, por sua simplicidade. Para ela não existe dualidade. A verdade é una, tem uma face. É ou não é. A única coisa de complexo na verdade é o que faremos com ela, após sua descoberta...

Eu por exemplo, me conheço e sei diferenciar o certo do duvidoso porque não complico. Não caio nessa balela de vários tons de cinza...

Aceito a realidade crua da vida e o que me incomodar nessa realidade preta e branca, vou transformar como criança brincando de moldar... Simplesmente, vou brincar...

É claro que nem tudo é festa. A vida nos permite e nos indica incluir na bagagem, alguma tristeza. Todo sentimento bem absorvido e assimilado nos ensina e o que for tóxico, sai na urina...

Mijei para ti, pessoa em estado nefasto que se anuncia e entrega o grupo a que se reúne, para disciplinadamente esconderem mesquinhos, o sorriso que me daria a moral de lhes deixar em estado de graça!

(O inimigo sabe bem o poder que nos confere, quando nos sorri e permite que outros também o façam....)

A tirada ligeira é fundamento da boa sátira. É pimenta trazendo mais vida ao paladar e pede resposta leve, bem-humorada, de ardor igualmente saboroso...

Esse bico forçado, esse silêncio, esse desdém e indiferença previamente planejados diante de minha piada mais original, não me afetam em nada. O meu fígado vai bem obrigado e o seu?

Meu irmão, minha irmã se você tem bom-humor, se tem bom critério se consegue rir de si mesmo, guarda seu sorriso das hienas que querem em bando te devorar. Esbanje sua graça com iguais e guarda contigo também, esse poema que fiz na intenção de prece protetora, contra a inveja que têm de nossa alegria:

SALMO

Deve ser porque sonho demais acordado

que parece

tenho séculos vivido

Quando durmo, não lembro o que sonho...

Preciso mesmo

de sono e descanso

pra durante o dia seguir sonhando

e realizando

Quem me cerca não sabe

não repara, nem sonha

(precisaria estar dormindo...)

Tenho tudo

Ando assim, pelas ruas, no meu reino

de coroa e cetro de luz

de brilho maior, que de metal...

E esses loucos, essa maioria, que me cerca

esses, que dizem rindo um deboche

esses cegos

que cospem quando passo

que tentam me alvejar, bactérias

fazem juntar essa gosma

sob meus pés, que é só onde cai e acerta

E é engraçado o detalhe:

são nessas bocas, as línguas agulhas, como teares

costurando, estendendo...

um longo tapete, infinito...

que me valhe...

Se algum dia, dormindo

voltar a sonhar

tenho certeza, será aquele velho sonho conhecido

recorrente, amigo, livre:

eu voava...

Já estarei a outro mundo

em essas alturas

e eles...

cuspindo pra cima

NOTA: 0 poema é do período 2002-2008

Cassio Poeta Veloz

Cassio Poeta Veloz
Enviado por Cassio Poeta Veloz em 19/12/2016
Reeditado em 14/09/2023
Código do texto: T5857546
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