Mortos regenerados

Vi por aí a carta psicografada de um homem que foi assassinado. Lá pelas tantas, o espírito do morto diz que não vai revelar o nome do criminoso, porque isso não traria nada de bom, mesmo para os familiares.

Naturalmente, o morto já se havia tornado então um espírito elevado, que não se permitia mais sentir as mesmas paixões comuns aqui na Terra. Do contrário, faria o médium escrever e escrever várias vezes o nome do seu assassino, tanto mais que a morte foi em condições bastante cruéis. Parece que, assim que morreu, ele se deu conta de realidades maiores e não se deixou mais contaminar pela nossa realidade de cada dia.

Muito bem, vamos admitir que seja isso. Há muitas cartas escritas de forma semelhante, e em que os mortos também se recusam a revelar o nome dos seus assassinos. Na verdade, imagino que haja uma tendência de os mortos só darem nomes aos bois quando eles já são suspeitos. Os demais tendem a se recusar, e invocam razões superiores.

Ora, os espíritas também admitem, naturalmente, que há uma porção de gente bem pouco elevada andando por aí. Será que essas pessoas, se forem assassinadas, e ao serem então ouvidas por um médium, se tornam de tal forma regeneradas que também se recusam a se vingar dos criminosos?

Ou então o morto não fala nada simplesmente porque o médium nada sabe?

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 19/01/2018
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