Big Brother de Deus

Se Deus existe e tem interesse ativo pelo que se passa neste mundo, então é como se estivéssemos em um reality show – o Big Brother de Deus. Fomos confinados em uma casa, a Terra ou o Sistema Solar, e aqui mesmo é que temos de nos virar, convivendo uns com os outros e cumprindo certas tarefas.

Qual é o objetivo do jogo não está certo, cada um de nós tem as suas teorias, cada um acha que há um jeito certo de passar por essa experiência, e muitos dos barracos a que Deus assiste nascem justamente de nossas divergências a esse respeito. Às vezes esquecemos tudo o mais e a única coisa que nos importa é o momento do edredom – há quem não veja outro objetivo para o jogo que não esse.

Sabemos que nossa estadia na casa não irá durar para sempre, mais cedo ou mais tarde teremos que sair, como todo mundo sai. Mas como nos esforçamos para adiar esse momento do paredão! Em quantas estratégias não pensamos, e quantas alianças nós não fazemos, unicamente para ficar um pouco mais de tempo dentro da casa!

É preciso confessar que nem sempre somos sinceros. Às vezes nos lembramos que estamos sendo observados, e por isso passamos a encenar, a agir de certo modo, a falar certas coisas – certos de que tudo será visto por quem nos assiste do lado de fora.

Se a saída é inevitável, não queremos sair de qualquer jeito, e não queremos que o jogo acabe depois do fim. Queremos nos tornar celebridades, achamos que merecemos algo mais, que uma recompensa nos espera, se tão somente nos sairmos bem em nosso confinamento.

Achamos que quem nos assiste sempre estará do nosso lado. Mas às vezes nos esquecemos que estamos sendo vistos, e nestes momentos somos capazes de atos e pensamentos que nos envergonhariam.

No entanto, se as coisas são assim e o jogo se mantém há tanto tempo, é porque o responsável por ele deve estar satisfeito. Tudo parece correr dentro do esperado. De certo ele sabia que haveria, brigas, desentendimentos e depravações. Talvez não fosse exatamente esse o objetivo do jogo, mas sabia que aconteceria. Às vezes passamos do ponto e ele precisa intervir. Mas são momentos raros, pontuais.

E, se não fomos ainda expulsos do programa, deve ser porque ainda há esperança para nós.

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 25/01/2018
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