Campanha da Fraternidade

Eis que a Campanha da Fraternidade deste ano versará sobre a “superação da violência”. Um sacerdote, ao detalhar o tema, disse que as Escrituras conhecem duas formas de violência: a injusta, que nasce da injustiça dos homens, e a justa, que é utilizada por uma causa justa ou por um fim nobre.

Ora, eis aí, em poucas palavras, a própria inutilização da Campanha da Fraternidade, pois não há uma só pessoa que, ao escolher a violência como forma de ação, deixe de achar que a sua causa é a justa e a nobre. Acaso existe algum critério objetivo para definir qual causa é justa e qual deixa de ser?

O sacerdote citou como exemplo de violência “justa” a legítima defesa, mas certamente não era nisso que pensava ao falar sobre a violência da Bíblia, e sim nas famigeradas “guerras santas” promovidas pelo Deus de Abraão.

Também sabe o sacerdote que a igreja não pode ser totalmente contra a violência, porque isso significa defender o fim dos exércitos e o fim do próprio Estado, e este é um passo que definitivamente não será dado.

Qual é então o combate efetivo à violência que pode ser feito se toda a nossa vida social é criada e mantida por meio da violência e da coerção, da qual também a igreja toma parte?

Realmente gostaria de saber, assim como se as Bíblias ainda continuam sendo impressas com aqueles subversivos versículos em que Jesus defende a não resistência ao mal por meio da violência.

Queremos todos cortar fora a orelha de Malco.

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 16/02/2018
Código do texto: T6255744
Classificação de conteúdo: seguro