Eu Mesma

Um dia, quando resolveu alçar voo como Fernão, encontrou a gaivota uma outra que dizia também estar querendo voar. Como a solidão é uma constante nas asas dos afoitos, esta deu-se ao luxo de ter uma companhia nas buscas ao universo e voaram um bom tempo juntas. Pois bem, nos voos em conjunto existe sempre uma dificuldade em ser seguido ou seguir e os pássaros fazem o maior esforço em cima de sua potência para conservar a ideia que a eles foi imposta de sempre estar em bando. Acontece que mesmo tendo uma gaivota a seu lado, existem sempre momentos de voos livres e nesses voos os pássaros conseguem estar sempre um pouco acima da sua distância normal. Talvez até esta gaivota seja um pouco convencida, mas ao mesmo tempo me parece que ela tem muito mair força nas asas do que convencimento. Bem, acredito que a gaivota em voo livre tenha uma preocupação de perder o fôlego no meio do caminho, mas isto é bobagem pois Fernão morreu de velho.

Existem pássaros que têm muita força nas asas, mas são poucos, é uma raça ainda em procriação e, como se isso não bastasse, ainda vivem muito escondidos. Com isso, torna-se um tanto difícil dois pássaros se encontrarem na mesma altura de voo. Às vezes fico observando como um pássaro poda as asas do outro, ou como um pára de fazer seus exercícios para não voar mais alto do que o outro. Ignorantes, não? É muito difícil fazer um pássaro voar muito alto; lógico que tudo deve ser tentado - mas - se começar a haver poda de um lado ou de outro o pássaro deve voltar a voar sozinho, pois a tentativa do seu encontro é a razão para o premio da visão do entendimento do universo.

NormaBento
Niterói, .../11/1979
Norma Bento
Enviado por Norma Bento em 21/04/2018
Reeditado em 05/05/2018
Código do texto: T6315255
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.