Estardalhaço
Às vezes quando vejo alguém tratando os outros com grosseria, gritando como uma britadeira, reclamando com veemência de alguma coisa, exibindo prepotente a ignorância de perguntar se o outro sabe com quem está falando, interrompendo a fala dos outros, monopolizando a discussão e ainda por cima batendo no peito a dizer: comigo é assim mesmo; pergunto, para que tamanho estardalhaço? Não basta simplesmente fazer? Nessas ocasiões, quando topo com alguém desse tipo, lembro-me do amigo Valdir. Sempre que assistia a cenas protagonizadas por um barulhento, contava-nos a parábola da carroça vazia.
“Certa manhã, um homem, muito sábio, convidou o filho a dar um passeio no bosque e este aceitou com prazer o convite. Durante o passeio ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silencio perguntou:
– Além do cantar dos pássaros, você esta ouvindo mais alguma coisa?
O menino apurou os ouvidos e alguns segundos depois respondeu:
– Estou ouvindo um barulho de carroça.
– Isso mesmo, disse o homem, é uma carroça vazia.
O menino sem entender tamanha firmeza na afirmação perguntou ao pai:
– Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
Ora, respondeu o homem, muito fácil saber que uma carroça está vazia; por causa do seu barulho.
Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.”
* A História da carroça vazia é de autor desconhecido e remete à profunda reflexão.