EQM e "o conhecimento de tudo"

Chama muito a atenção nos relatos de EQM a constância de casos em que a “vítima” (ou “privilegiado”) admite ter tido uma sensação de que sabia tudo o que era possível saber sobre a vida, o Universo e, em suma, o funcionamento de tudo. Muito pouco desse suposto conhecimento permaneceria depois que a pessoa voltou a viver.

Entretanto, a frequência de relatos com essa característica permite levantar a hipótese de que a morte trará a revelação de todos os grandes mistérios que não encontram nenhuma explicação definitiva aqui no plano terreno. Ocorre que, se for realmente desse modo, não pode haver contradições nos processos de comunicação entre a “gente de lá” e a “gente de cá”.

Se todos os mortos chegam a uma explicação total sobre tudo, então todos eles terão uma narrativa única sobre a nossa realidade. Não é o que se vê em muitas psicografias, que sugerem situações divergentes entre si. E mesmo no relato de EQMs há diferenças bastante significativas, embora, aí, possa-se especular que isso tenha como razão o processo de perda da memória sobre os fatos mais relevantes da experiência, admitido por alguns.

Houve uma pessoa que passou por EQM e estimou ter chegado a um conhecimento perto de 100% sobre “tudo”, ao passo que aqui na Terra tudo o que nos era permitido saber estaria em torno de 0,5%. Eu não sei se é como essa pessoa diz, mas é uma diferença tão gritante como essa que eu imagino que iria existir entre um hipotético mundo espiritual e o nosso.

Mas aí, voltamos às psicografias. Acaso elas oferecem, de maneira geral, retratos tão “absurdos” da realidade que só possam ser explicados por um grande “salto” em nossa capacidade de compreender o funcionamento das coisas? Acaso as cartas de psicografias demonstram de maneira incontestável que o seu conteúdo faz parte dos 99,5% a que nós não teríamos como saber enquanto seres humanos?

Receio que a maioria, embora possa ter um conteúdo edificante e ser reconfortante para quem as lê, não chega sequer às melhores coisas que a humanidade já intuiu sobre o além fazendo uso da sua reles capacidade de 0,5%. Dirão, em resposta, que se elas falam de um jeito próximo ao humano é precisamente para que nós as entendamos. Entretanto, se for assim, por que é que nas EQMs são evidenciadas tantas e tão maravilhosas situações que o ser humano não entende, apenas experimenta?

Não vi, ainda, uma psicografia que me causasse o mesmo impacto que a maior parte dos relatos de EQM. Para mim, quem tem o conhecimento de tudo ou, ao menos, perto de 100% sobre o funcionamento das coisas, escreveria cartas muito diferentes das que são atribuídas a entidades do além. Pode ser, enfim, que isso não seja mais do que uma impressão e que “os mortos” soubessem bem menos do que achavam que sabiam durante a EQM. Seja como for, é uma impressão persistente.

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 24/01/2019
Código do texto: T6558487
Classificação de conteúdo: seguro