Natura mutari non potest*
 

Vê! Para que o texto que se lê abaixo, se torne mais veraz, não usei nenhum signo diverso, só letras, logo, soletra-as, se és capaz; caso não possas, ou não queiras fazê-lo agora, quando puderes, lê-lo-ás ou leiloa-as entre os semelhantes teus, desde que esses, ao menos, saibam soletrar... 

“Ninguém é mau por sua vontade, mas o mau torna-se mau por alguma depravada disposição do corpo e por um crescimento sem educação, e essas coisas são odiosas a cada um e lhe acontecem contra a sua vontade”.
Platão
                                                 
Toda e qualquer manifestação vital, ao se expressar, antes, necessariamente, haverá de se fundar em um lastro genético que lhe é inerente.
Todas e quaisquer ações educativas oferecidas ao educando, consistem em ferramentas associadas às suas subsequentes orientações de como usá-las; desejando recebê-las, esse ente humano que em formação está, se tiver mãos apropriadas para apreendê-las, tornar-se-á apto para manuseá-las; evidentemente, para a formação desse educando, externos à estrutura gênica que o compõe, outros fatores contribuem; contudo, esses se farão notar em apenas três momentos únicos e distintos da sua vida, quais sejam  durante a sua vivência  – a do ente humano  –  no espaço intrauterino, primeiro espaço que o envolve; nesse meio, esse ente, ainda que ciente não esteja – é o que se julga – está sob influências epigenéticas, e seus efeitos se far-se-ão notar, sobretudo, depois que ele – o ente – seja dado à luz; ainda há, entre esse espaço e o outro – aquele onde se encontra a luz – interações, sobremaneira importantes, que cometerão aquele ente que por nascer ainda está; por fim, quando do seu nascimento, o ente humano ao alcançar o seu maior e definitivo espaço, estará sujeito a influências maiores e de toda sorte, pois nesse meio, o nato haverá de receber aquelas ferramentas, apreendê-las, e aprender a manuseá-las; esta sequência a envolver essas ferramentas será necessária e contínua à vida do ente humano em formação, até o seu último momento, antes que ele não mais possa sustentar o seu próprio viver. A ser assim, esse ente, no decorrer de toda a sua vida, e a cada momento, julgando-se apto para se tornar pessoa, haverá de encontrar ao seu dispor, matéria prima, que necessariamente, deverá ser posta ao seu alcance, para que ele tenha êxito na consecução do seu trabalho, ou seja, na consecução do seu auto-projeto-homem, não obstante, esse projeto inexoravelmente, inacabado haverá de ficar, uma vez que desde a sua concepção todo e qualquer ente está a ser, e em nenhum momento de sua existência, deixará de fazê-lo...
O que constitui o cerne do ente humano, naturalmente, deve ser entendido por sua essência; essência dinâmica haverá de ser, pois ele está sempre em “movimento”; movimento, que entre outros efeitos, inevitavelmente, enseja interação entre o agente que cindiu a sua estática – própria ao ente vivo – e o próprio meio onde ele se encontra; por conseguinte, sob tais efeitos, estamos todos nós; contudo, os resultados dessas interações são sentidos, interpretados, e apreendidos sob reações singulares de cada um de nós que está envolvido nessa dinâmica; a ser assim, seguramente, podemos afirmar que as nossas reações às influências que nos impinge o meio externo – o nosso habitat – uma vez que são também expressões vitais, invariavelmente, fundam-se naquele mesmo substrato genético inerente a cada indivíduo vivo; logo, tenhamos em mente: o útero materno é o nosso primeiro espaço que se conforma com a definição de habitat, entretanto, por ser provisório, importância menor não haverá de ter, pois, se por ele não passarmos bem, mal seremos conduzidos durante a nossa estada em nosso último e definitivo meio, qual seja o meio aonde nos encontramos ao lado dos nossos semelhantes, com os quais, nos interagimos na partilha de um maior e absoluto meio que ao meio jamais se divide, pois, trata-se do Universo.
Veja! Esses parágrafos acima dispensam complemento, pois encerram asserções que expressam axiomas, logo, ainda que sucintos, não suscitam contestações, contudo, vez por outra, por imposição semântica, podem clamar por maior clareza, ou antes, uma ou outra pessoa, pode exigir que essas verdades sejam postas mais às claras... Ainda que isso se dê, àqueles que tais reparos exigem, por não ter eu o desejo e a necessidade de fazê-los, não irei além deste ponto aonde cheguei, fico por aqui, mas, mais poucas palavras, ainda deixo abaixo:
 
* – Natura mutari non potest - Não se pode mudar a natureza
 
PS – Àqueles que podem bem aprender, e de apreender o mau se escusam, as verdades acima expressam o necessário significado de indivíduo, com efeito, a este, torna-se explicito: pessoa alguma à conta de suas próprias limitações, dar conta a outrem ninguém, não deve.



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Eugene Garrett
Enviado por Eugene Garrett em 25/02/2019
Reeditado em 01/06/2021
Código do texto: T6583536
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