Individual x Coletivo

Todo homem é um ser que vive numa dualidade simples. Ele precisa, ao mesmo tempo, ser individual e coletivo. Tem ao mesmo tempo uma substância interna da qual não pode abrir mão sem grave prejuízo e a dependência de uma substância externa da qual depende e também não pode abrir mão.

É evidente que o único ser que não depende de nada externo é aquele que tem tudo internamente e aquele que tem tudo externamente não pode ter nada internamente, porém as implicações disso são muito mais difíceis de serem percebidas.

O homem, sendo o que é, precisa então de uma sociedade circundante, porém não pode dentro dessa sociedade, abrir mão completamente daquilo que o identifica como ser único. Precisa abrir concessões para o que vem de fora enquanto precisa também que o que está fora abra concessões para aquilo que está dentro dele.

Fica então visível que o homem nunca pode estar completamente isolado, assim como nunca pode estar completamente integrado.

Além, se a característica é individual é justamente porque ela se apresenta em quantidade limitada. Não podemos ter todos a mesma característica individual, pois então ela deixa de ser individual e passa a ser coletiva, não servindo mais para nos diferenciar dos outros. O que nos mostra que sempre haverá diferenças inconciliáveis, porém não intoleráveis, entre pessoas.

Como a nossa própria percepção da realidade é limitada, evidentemente, temos dificuldade em perceber para o que podemos conceder espaço para continuar existindo e para o que não podemos fazer o mesmo.

Logo, teremos uma sociedade com justiça limitada. Ter um mundo perfeitamente justo somente seria possível se todas as nossas individualidades fossem anuladas em nome de um ser que pudesse aplicar a justiça de modo completo. O problema é:

O que acontece com aqueles que não consigam perceber a justiça perfeita que recebem? Terão que ser anulados. E anular alguém é, pelo menos na visão de hoje, a injustiça suprema.

Aliás, anular pessoas em nome de uma justiça, que aliás, todos sabemos ser totalmente incompleta, é algo que aconteceu aos montes no século passado.

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