Voz

Não sei dizer o nome da pessoa, nem mesmo a cidade em que a conheci. Era uma mulher mais velha que eu, o que não era tão difícil, sendo, á época, ainda adolescente. Estava em um dos muitos lugares que, graças a musica, tive a oportunidade de conhecer. Falharia se tentasse dizer a cidade, mas posso afirmar que era no Nordeste brasileiro. Numa conversa, sem muita intenção de me ensinar algo, lembro dela me falar algo sobre a vida se dividir em muitos ciclos de cinco anos. Disse que, a cada cinco anos, a vida faz uma bagunça em qualquer um de nossos assuntos. Não me apeguei a isso de uma forma literal, mas sempre que a coincidência tenta me dizer que isso realmente acontece, lembro dela discursando sobre.

Hoje foi dia de pensar nesse assunto. Estou em vias de completar cinco anos aqui, onde ainda posso dizer que é uma nova cidade em minha vida. São menos de duzentos quilômetros, mas é incrível como a cultura das pessoas podem mudar em tão pouca distância. Mudei tanto desde que vim pra cá, que não sei se amadureci ou apenas cansei. Não tenho mais aquele ímpeto de transformar o mundo ou mesmo as coisas ao meu redor: ando acreditando nas coisas como são e aceitando que o universo não é o mesmo para ninguém. Não preciso e nem devo mudar a cabeça de nenhuma pessoa, e faço minha realidade deixando chegar e partir tudo e todos que me forem convenientes. Me machuquei muito idealizando as pessoas, isso só traz frustração, ninguém é o que você julga, ninguém consegue ser nem mesmo a pessoa que ela quer ser, imagina ser o que eu quero, né?

Embora muito desapontado e um belo tanto ferido, esse não é exatamente um texto deprimido. Bem, por hora, pode ser. Mas, agora realmente sincero comigo, escrever isso me diz o quanto pode e será melhor. É uma daquelas vezes em que o cansaço vem dizer que, daqui a pouco, outro dia começa.

Preciso me preparar para mais cinco anos.

Australis
Enviado por Australis em 22/04/2019
Reeditado em 22/04/2019
Código do texto: T6630075
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