Considerações sobre a Estética

I

11/07/2018

Estética do grego aesthetike, é um termo relacionado à percepção ou à apreensão. “Que tem a faculdade de sentir ou de compreender, que pode ser compreendido pelos sentidos“ segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa(1987). A Estética para a Filosofia está ligada diretamente à conceitos como a arte, o belo, o gosto, o sublime…

O objeto de estudo da Estética é o Objeto e o Sujeito, e a relação que se faz entre ambos através da característica de Beleza(ou qualquer outra característica apreensível) que possa ter o Objeto para o Sujeito ou o Sujeito para o Objeto(caso o Objeto atue também como Sujeito).

Com isso temos que para uma apreensão estética de um característica do Objeto, é necessário um Sujeito com capacidade de apreensão, ou “Consciência Reflexiva”; Um gato pode ser um Objeto para um homem(Sujeito) já que há no gato características estéticas apreensíveis e no homem a capacidade de apreensão estética. Um homem pode ser Objeto para um gato(Sujeito) pelo mesmo motivo. Uma rocha pode ser Objeto para um homem que atua como Sujeito, porém o homem não pode ser Objeto para a rocha pois esta não tem a capacidade de apreensão estética, ou “consciência reflexiva, ou “mente” simplesmente.

Estabelece-se pois, um perspectivismo estético; o Objeto da Estética é Objeto tão somente relativo a um Sujeito, e o Objeto só pode ser dito como Objeto(enquanto conceito de Objeto) somente relativo a um Sujeito; o Objeto é aquele que contém características intrínsecas(ou seja características próprias. Todo o Ser tem características intrínsecas, portanto todo Ser é um Objeto em potencial) e o Sujeito é aquele que apreende tais características; Essa mesa de vidro na qual escrevo tem a característica intrínseca de ser transparente e ela será transparente independente de qualquer Sujeito que a observe, mas somente um Sujeito pode dizer que ela é transparente, pois somente um Sujeito pode apreender essa característica através de sua Consciência Reflexiva. Destarte, objetos tem suas características mas elas só serão características para um Sujeito.

No realismo científico de [Mário]Bunge temos que: “as coisas têm existência independente de um sujeito que as conhecem” e como todo Ser existente é um Objeto e todo Objeto tem suas características, mas as características só podem ser apresentadas mediante um Sujeito. Temos que; todo Objeto tem características, mas o conceito de característica existe somente mediante um Sujeito. Logo só há característica de algo mediante um Sujeito caracterizador. Um Objeto não precisa ter a abstração de uma característica se não houver um Sujeito.

II

12/07/18

Consideramos por característica do Objeto a sua Forma, ou o seu Formato.

Uma determinada cadeira tem diversas características: é feita de madeira, tem N centímetros de altura, foi feita faz M anos, suporta P quilos, tem detalhes artesanais no seu encosto, tem um assento feito com tecido… e assim por diante. São todas essas características que eu como Sujeito posso apreender do Objeto cadeira, as características são Conceitos e advém da Forma do Objeto.

O Conceito é a ideia ou assimilação que eu faço de um Objeto através de uma grafia, ou “Signo”. Se eu ver o Signo(o “nome”) “Maçã” o assimilarei com um objeto vermelho, de gosto suculento com características de um pseudofruto, e a esse Objeto se atribui o Signo de maçã. O conceito é a união de Signo e Objeto, que se dá através e um Sujeito que apreende as características do Objeto e por conseguinte cria uma relação de significância entre o Objeto, suas características e uma grafia, e a esta significância ou assimilação damos o nome de “Conceito”.

A Forma do Objeto é tudo aquilo que engloba todas as características de um objeto, até o ponto em que ele é algo e não pode ser outra coisa. Este celular é retângular, feito com minérios de metal, contém vários componentes, uma câmera de N megabites, M gigabites de memória e etc. Poderíamos continuar citando as características do Objeto celular até o ponto em que não conseguiriamos dizer mais nada sobre ele, pois, todo Objeto tem seu limite intrínseco, isso é, todo Objeto é algo até o ponto em que não pode ser outra coisa: Podemos citar as características do celular até o ponto em que não haverão mais características para serem citadas, há aí o limite do Objeto celular. Se citássemos características para além daquelas que estão no limite do Objeto celular, então já não seria o Objeto celular, e sim outro Objeto. Pois o Objeto celular está delimitado, e tudo para além de seus limites já não é mais celular(conceitualmente e fisicamente falando).

Os exemplos até então citados são um tanto grosseiros quanto ao que quero transmitir, mas acredito que esses exemplos grosseiros são ideais para a compreensão de minhas considerações sobre a Estética.

Há uma diferença entre a Forma do Objeto(que é o Objeto em sua completude e em seus limites) e o que nós vemos no Objeto. Perceba: sob determinado ângulo podemos ver apenas 3 faces de um cubo, e este por sua vez contém 6 faces em sua forma. Sob um outro ângulo(isso é, visto somente a parte frontal do cubo) vemos apenas uma face, e sua forma contém, novamente, 6 faces. Com isso temos que a apreensão total e conceituação do Objeto não se dá somente nos primeiros instantes da apreensão do Objeto quando o temos somente através de um ou dois sentidos: O da visão e algum outro possível caso o Objeto cheire ou faça barulhos. A apreensão total do Objeto e/em sua Forma se dá quando o apreendemos a partir de todos os nossos sentidos. Quando apreendemos de maneira inacabada um Objeto, isso é, quando só conhecemos o Objeto a partir de um único sentido então não temos o Objeto em sí, isto é, não temos o conceito total do Objeto em sua Forma, mas um conceito parcial do Objeto e de sua Forma. E a esta apreensão parcial ou “prévia” do Objeto damos o nome de Figura. Percebe-se pois que uma Forma se dá na assimilação de várias ou de todas as Figuras apreensíveis de um Objeto.

III

18/07/18

Os Objetos são limitados às suas Formas. São, até o ponto onde não podem ser algo mais. E o Sujeito é também Objeto e também está limitado à sua forma, e o Sujeito por ter a capacidade reflexiva tem sua potencialidade reflexiva limitada a sua Forma. Isso é, a forma não é somente Estética, ela engloba todo o ser e delimitada cada uma de suas partes. Eu sou um Objeto, e também Sujeito, por excelência, sou um Objeto que conhece Objetos e como Objeto eu tenho uma Forma intrínseca e essa Forma delimita todo o meu ser, inclusive a minha capacidade de conhecer Objetos. Temos que; a relação entre Objetos, sendo ao menos um deles um Sujeito dá-se pela Dinâmica de suas Formas. O humano tem uma Dinâmica de Formas para com o mundo e cada um de seus Objetos contingentes, e essa dinâmica é o que é até o ponto em que não pode ser outra coisa devido a Forma do Sujeito humano, a Forma dos objetos e a Imagem dos Objetos. Isso é, se a Estética limita-se à forma, e a cognoscência do Objeto por meio de um Sujeito limita-se à forma do Sujeito então temos que esse Sujeito não pode alcançar a Forma do Objeto em sua completude, mas sim diversas Figuras desse objeto, e por meio dessas Figuras formar uma Imagem que assemelha-se à Forma mas não é a Forma em sí; isso é, não é a completude do Objeto em sí, mas a completude do Objeto mediante os limites da Forma do Sujeito. Um Ser que conhece o Objeto em sua completude deveria ser um Ser que não tem limites formais ou limites cognoscentes, por excelência um Ser Ilimitado, ou aquilo o que chamam de “Deus”. Mas esse não é o tema desse ensaio.

Visto isso, conclui-se que há a Realidade Objetiva(ou “nóumênica” como aponta Kant) e a Realidade Subjetiva(ou “fenomênica” como também aponta Kant). A Realidade Objetiva é a que compreende os Objetos em sí, ou seja, compreende as Formas totais do Objeto e compreende também a Estética Objetiva, isso é, uma Imagem do Objeto que compreende a excelência de sua forma, a Imagem que é Imagem e também Forma, a Imagem Essêncial do Objeto. A Realidade Subjetiva engloba os Objetos tão somente mediante os limites do Sujeito, ou seja, não compreende os objetos em sí, mas os “objetos em mim”, ou, minha maneira de compreender os Objetos, e essa maneira é delimitada pela capacidade reflexiva do sujeito, que é limitada por sua Forma Intrínseca.

Sendo o Sujeito também Objeto e tendo ele uma Forma que ele não pode alcançar têm-se que há no Sujeito algo escondido, algo que nos é incompreensível. E não adiantaria muito falar sobre a Metafísica Objetiva do Sujeito pois tudo o que falarmos de algo que não conhecemos e em nossos limites intrínsecos não podemos conhecer, é mero achismo e especulação.