A BELEZA DA FLOR - TESTE

VALÉRIA SORRI, VALÉRIA ACENA

Me aproximei dela com todo um texto planejado. Minha missão era simples: ganhar sua simpatia. Eu já sabia bastante sobre ela, e ela nada de mim. Na verdade era a primeira vez que ela me notaria.

...

Dois minutos em que eu estava perto dela e ainda eu não havia falado uma única palavra.

Eu pateticamente estava paralisado e sem nenhuma coragem sequer para dizer “Oi”.

Pensei “Que vergonhoso não consigo sequer falar com ela.”

Eu já me preparava para ir embora quando Gabriel se aproximou dela e a cumprimentou:

- Oi Valéria. – Disse estendendo a mão amigavelmente ( e ela fez o mesmo com um sorriso muito atencioso). – Nossa moça, como sua mão é quentinha. – (Dessa vez ele pede licença e põe a mão dela naquele rosto sortudo dele.)

Eu observava a cena petrificado, me perguntava “como?”, “porquê?” E de que modo podia ele com tanta facilidade falar com ela.

Não tive muito tempo para pensar, fui no instinto e baixinho e reclamei “QUERO SENTIR TAMBÉM”...

Valéria ouviu e devagar se virou para mim, e ainda sorrindo ela me dá sua outra mão ( a outra Gabriel segurava), eu gentilmente a transpus em meu rosto e constatei:

“ É realmente quente, ela é a pessoa mais quente que já pude senti”

e acrescentei:

- Mas isso é impossível !! Hoje é uma manhã tão fria e você está tão quentinha, por acaso está com febre? – Disse isso enquanto colocava minha mão delicadamente em sua bochecha direita.

Ela novamente sorri mas nada diz, e então eu percebo o quão bom é ficar perto dela, nem que seja só para vê-la de longe e contempla-la. Havia algo de intrigante naquela menina. Tantas coisas a respeito dela que era impossível traçar sua personalidade e isso me perturbava.

Eu sabia pela forma de seu sorrir que ela não estava se sentindo totalmente confortável com tanta atenção. E piorou quando Marcus apareceu para tirar-lhe a temperatura...

Depois de risadas os dois se afastaram (exatamente quando a Nicole chegou).

Eu tinha o contexto perfeito para continuar um assunto com ela a partir da abertura que o Gabriel havia feito antes que aquele silêncio constrangedor começasse.

Eu só precisava dizer qualquer palavra para chamar a atenção dela e daí era só questão de fazer fluir o assunto.

Infelizmente um medo estranho me parou e eu nada pude dizer.

“Essa menina... Ela é demais para mim. Não tem como um lixo como eu ter chances com ela. O máximo que eu faria era incomoda-la à toa. É melhor desistir e fingir que isso nunca aconteceu. Todas as que eu gostei foram assim, ela é só mais uma que vai embora da minha vida como se eu nunca tivesse existido.”

Depois desse pensamento eu simplesmente abaixei minha cabeça e fiquei quieto. A presença esmagadora daquela menina ao meu lado ia se tornando cada vez mais sutil, de novo eu a olho e penso num bocado de coisa filosófica e chata.

Após essa enxurrada de Bad Vibe, eu provavelmente já tinha até desistido de qualquer coisa com ela e fiquei num estado de anestesia. De repente eu já não tinha nada a perder com ela, foi por isso que eu pensei :

“Já que não tenho nada a perder, acho que vou me divertir com ela então.”

Eu toquei ela no ombro e disse:

- Você me lembra muito uma pessoa... Por acaso você conhece uma autora chamada Paula Pimenta?... Aquela palavra ecoou em um silêncio estranho enquanto o olhar dela dilatava em minha direção, como quem se prepara para algo.

- Nossa... Não estou acreditando nisso. Eu amo Paula Pimenta. – Disse ela surpresa e animada enquanto eu tentava segurar um sorriso de felicidade no canto dos meus lábios.

Ela continuou:

- Qual livro você leu? - Obviamente essa era uma pergunta coringa, se eu não houvesse planejado o texto, com certeza eu travaria nessa pergunta...

- Eu estou acabando o 3° do minha vida fora de série... (Mentira não li nem o primeiro).

- Então você ainda não leu o quarto?

- Na verdade, não, eu nem sabia que tinha um quarto, lançou agora pouco né?

- Não... foi ano passado na verdade.

... Eu senti o silêncio de novo se aproximar então tratei logo de entrar em outro assunto, com certeza Valéria tinha expectativas em conversar sobre o lançamento do quarto livro, e ela ficou meio frustrada pelo fato deu não estar tão engajado quanto ela. Nisso eu continuo:

- Pra falar a verdade, eu não li nem o segundo, nem o terceiro. Eu conheci a Paula pouco tempo atrás, eu só falei dela por que imaginei que você não a conhecia... – Valéria estava um tanto sem graça e inquieta com as mãos, ela ligou o celular e desligou umas duas vezes enquanto conversávamos. Enquanto eu falava ela me deu um sorriso um tanto sem graça, me olhou e agora fixava seu olhar em mim como uma voraz interlocutora. -... E por isso eu falei dela. Fiquei muito surpreso quando li o livro da Paula, não sabia que as meninas tinham acesso a tantos segredos do mundo dos meninos. Tenho a sensação de que se eu tivesse lido esse livro quando era pequeno teria tido uma adolescência muito mais interessante... (Sim, tivemos essa conversa) Eu fiquei bem impressionado com a história e no geral me prendeu bastante, mas eu achei a história bem devagar, a Paula é um tanto enrolada para escrever (como se eu não fosse).

Infelizmente para mim, Valéria não é uma menina normal. Ela é extremamente inteligente e prestou atenção em cada detalhe do que eu disse, de modo que conseguiu ver o truque por trás de tantas palavras que eu disse e me respondeu a altura:

- Como assim segredos dos meninos? No livro?

- Isso, por exemplo quando a Patrícia está com problemas de relacionamentos, sua mãe revela um segredo que nem eu sabia sobre os garotos. Que para conquistar certos tipos de homens, é necessário ser recatada..

Não finalizado --------