FILHA DA GRATIDÃO… EU!

Mais uma vez, uma postagem no Facebook me incentiva a escrever!

Dessa feita, um pôster no Grupo – Filhos do Vento, mostra a imagem de três mulheres (um triuno, as três faces da Deusa, três gerações?): Uma idosa, uma adulta e uma adolescente.

As duas primeiras tocam, suavemente, a cabeça da outra, à sua frente.

Sobre a figura, alguém escreveu o nome - CRIS MATSUOKA e logo abaixo desse nome, a seguinte frase: “ Em silêncio eu ouço a voz dos meus ancestrais me dizendo: Você é o resultado do amor de muitos”.

Mais abaixo, a frase: “Por todas as nossa relações.”

Observei a figura… lembrei de um costume que as famílias mestiças, do sertão nordestino (essa era A Minha Família), praticavam aos domingos, no terreiro da casa, sob a fronde dos cajueiros ou mangueiras: Pentear e trançar os cabelos, após o banho.

Minha Avó Materna, por ser a mais idosa, sentava no banco mais alto.

Minha Mãe após ela, depois Minha Tia, Minha Irmã e por último eu, sobre uma esteira de “caboclo” (feita de palha de coqueiro)… rente ao chão.

Minha Avó e eu, éramos as únicas com tranças.

Minha Tia, penteava os cabelos de Minha Avó, fazia suas tranças e só depois sentava diante da minha Mãe, para que ela, Minha Mãe, penteasse seus cabelos (muito crespos, curtos, chegando apenas abaixo da nuca) e lhe fizesse tranças pequenas, embutidas, uma de cada lado.

Minha Avó penteava os cabelos de Minha Mãe, muito curtos, os quais ela conservava sempre cobertos por um lenço negro… aos domingos deixava-os à vontade, sem o bendito lenço.

Minha Tia tentava pentear os cabelos da minha Irmã, que se zangava por que o pente parecia machucar seu couro cabeludo. Seus cabelos eram curtinhos e mais crespos do que os da Minha Mãe.

Quase sempre ela findava por correr e não deixar Minha Tia pentear seus cabelos.

Eu até agradecia, pois era Minha Tia quem acabava por me pentear.

Eu tinha uma “cabelagem” fora do comum… Meu Tio Leone, Irmão de Minha Mãe, me apelidou de “Cabelagem de Fogo”… eram longos cabelos crespos e “vermelhos” feito labaredas… era cabelo pra dez cabeças, dizia ele!

Minha Tia dividia essa “floresta de fogo” em quatro partes: duas tranças de cada lado, depois juntava as quatro e prendia tudo num cocó (coque), no alto da cabeça.

E eu saia equilibrando aquela torre/maçaroca na cabeça. Pense num sofrimento? Magrinha como eu era, não sei de onde brotava tanto pixaim… parecia até que minha cabeça era um “reservo”… afff!

O engraçado, é que as tranças de Minha Avó, eram apenas duas, longas e macias, que ela enrolava acima da nuca, e prendia com um “grampo” de metal, finalizando em um “cocó” (coque).

Eu olhava para todas elas… Mulheres que vieram antes de mim.

Minha Avó era a Mãe da Minha Mãe e da Minha Tia.

Minha Mãe era a Mãe da Minha Irmã e Minha Mãe, também… aquele laço, se me afigurava como uma Teia de Aranha, da qual todas nós eramos fios, desenhos, pedaços, partes.

Só uma pessoa do Nosso Clã, não fazia parte desse ritual domingueiro: O Meu Único Irmão – Manoel Bezerra.

Ele nunca se sentava conosco para que uma de nós (seria a Minha Tia) lhe penteasse os cabelos. Tinha-os baixíssimos, muito crespos e rentes ao couro cabeludo. Não cresciam muito e por incrível que pareça, algum Homem da Família cortava o “excesso” do seu cabelo… nunca vi quem era essa pessoa.

Mas, retomando o assunto sobre a frase do pôster… “ Em silêncio eu ouço a voz dos meus ancestrais me dizendo: Você é o resultado do amor de muitos”.

Sinceramente, em relação a última parte da frase, posso dizer que sou o resultado do Amor daqueles que me contaram, e do Amor daqueles que eu sei e lembro.

Do Amor da Sinhá Elesbona Maria Indalino Poção e do Senhor Pedro Poção (Meus Bisavós Maternos);

Do Amor da Sinhá Águeda Maria Indalino Poção e do Senhor Manoel Bezerra (Meus Avós Maternos).

Do Amor da Sinhá Analia Bezerra... faltou o meu pai biológico?

Bom… é que minha mãe o chamava apenas João... e, sem queixa alguma, declaro que - não sou filha do Amor entre eles, sou Filha da Gratidão... é uma longa história… e sempre que alguém questiona em eu ser, dos três filhos de Minha Mãe, a que ela não criou, e que talvez o fez por que não me amava, sempre digo: "____Não sou Filha do Amor, sou Filha da Gratidão! Sou mais que abençoada!"

E essa Gratidão, é só o começo da Minha Jornada, pelo Vale, ao qual chamamos Ventre da Mãe Terra.

Qualquer dia desses, consigo um patrocinador e publico o livro da Minha Jornada Terrena: "Minha Genética é Cármica".

Por enquanto, vou escrevinhando… pra não esquecer!

Aho.

Adda nari Sussuarana
Enviado por Adda nari Sussuarana em 02/09/2019
Reeditado em 09/07/2021
Código do texto: T6735865
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