Pequeno ensaio sobre a dor

FAVORÁVEL - Não quero acabar em mais um vazio e nem do lado errado. Me arrependo do que não disse e dói querer dizer mais do que posso... Se me dissessem o que hoje sei diria...

OPOSTO - ...Não, não. Não diria nada. E lá vai mais um "não-dizer" e ele berra tanto!

...Por favor, por favor, por favor.... Não vou cansar de mendigar mais essa dor.

FAVORÁVEL - Vou continuar calado e sofrendo com toda essa ruína.

Dói mais ainda querer que não doa e só em pensar que

pode doer... Chega de dor. Nem sei mais o que dói.

OPOSTO - Não quero acabar do lado direito e nem inimigo de mim mesmo. Mas... Sabemos que o preciso não persiste.

FAVORÁVEL - Não quero perder mais essa. Não, não quero.

Vou deixar que me cuspam sem dizer um 'ai'. Vou morrer desse lado com uma flecha atravessada no peito.

OPOSTO - Te disse que não vai morrer desse lado.

Posso aqui escrever mas nesse canto me recuso a morrer.

FAVORÁVEL - Já aqui, nada dói... Somente as lembranças.

Desse lado o "não-dito" se desfaz.

Minha imaginação me aflora e preso aqui: nesse mundo intangível - tudo ganha mais sentido.

OPOSTO - Mas preso continuo desse lado também e já aqui, todo o sentido se perde... Ah, se pelo menos a flecha estivesse afiada.

iaGovinda
Enviado por iaGovinda em 04/09/2019
Reeditado em 05/09/2019
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