A doença como cura

Neste mundo, cada um de nós está fadado a sofrer. Há mazelas incontáveis. Males físicos e mentais assolam nossos corpos e mentes e nos fazem constantemente perguntar: “Onde estaria Deus?”. Se há um Pai todo-amoroso e onipotente, por que ele se esconde enquanto vê seus filhos sofrendo e morrendo? Qual o sentido de viver em um mundo como esse?

Em meio a todos esses questionamentos que são naturais em uma fase ou outra de nossa vida, buscamos alívio para cada um dos nossos sofrimentos. Os meios são variados. Alguns, se afogam em vícios; outros, preferem a segurança da religião. Nesta última, está a possibilidade de ser curado. De tudo. Quem não iria querer isso? O único preço a ser pago é a sua liberdade espiritual.

Há algum tempo, descobri que estava com uma doença incurável, autoimune. Artrite Reumatoide. E o meu primeiro questionamento foi: “Por que isso está acontecendo comigo?”. Em meio às minhas dores, muitas pessoas me ofereceram fórmulas milagrosas. Coma tal alimento, vá a um centro espírita, ou a mais repetida, procure uma igreja.

Me perguntava constantemente se era isso que Deus queria de mim, que eu sujeitasse o meu Ser espiritual a uma crença estabelecida. Eu deveria sacrificar a lealdade ao Pai, em nome de uma suposta segurança? Percebi que não. O Pai Celestial não desejaria que eu O descobrisse através da experiência de outras pessoas. Deveria procurá-Lo onde Ele realmente estava: dentro de mim.

Tive momentos bem difíceis. Com 22 anos e não conseguir sair da cama devido as dores nas articulações é bem complicado. Muitos entrariam em depressão, principalmente porque tive que desistir de uma faculdade na qual eu já estava por dois anos. E as expectativas para o futuro nunca se mostraram as melhores. Apesar de tudo isso, nunca fiquei seriamente deprimida ou triste por muito tempo. Não sei explicar direito, mas algo dentro de mim me sustentava. Só podia ser Deus.

Mas então, a pergunta continuava no meu coração. Qual o sentido de eu estar passando por tudo isso? Depois de muito orar, refletir, entendi, pelo menos um pouco. De um certo modo, essa doença foi a minha resposta, a minha cura. Esse seria o modo pelo qual minha alma poderia evoluir, ter um caráter à semelhança do Pai no Céu. Apesar da maioria das pessoas neste mundo acreditarem em alguma divindade, quantos vivem como se Ele realmente existisse?

Não se engane. Não ganhei nada em termos materiais. Pelo contrário, cada coisa que eu supostamente amava foi tirada de mim. Meus hobbies, minha faculdade, minha saúde, até a possibilidade de um dia ter filhos. Tudo foi embora. Mas os tesouros espirituais foram, e continuam sendo, incontáveis.

O meu orgulho caiu por terra, e deu lugar a uma dependência magnífica. Primeiramente, de Deus, porque descobri que sem Ele nada em mim sobreviveria, pelo menos nada que valesse a pena. Depois, dependi de familiares. Eles me ajudam e estão comigo em cada passo da minha jornada, dando força, apoiando e fazendo tudo o que podem para me fazer feliz.

Meu corpo físico estar doente, me deu paciência. Na maioria das vezes, tudo o que eu posso fazer é esperar. Minhas ansiedades foram controladas e já não sofro por aquilo que não posso controlar. Ficar ansiosa, irritada não vai impedir que a doença se manifeste, só prejudicará minha alma e Espírito.

Porém o mais revelador para mim, foi o tamanho da minha Fé. Eu não poderia jamais imaginar que a minha Fé me possibilitasse a acreditar no invisível, a ver quando ninguém mais consegue enxergar, a prosseguir quando as forças físicas parecem que não aguentar. E toda essa sublime esperança, incrivelmente, veio através de uma doença.

Não estou curada e, sinceramente, não estou preocupada com isso. Se todo esse processo me fizer digna de um caráter semelhante ao do Pai, estou aqui para fazer a Sua vontade. Serei leal até o fim. Não usarei o nome de Jesus como uma palavra mágica, nem implorarei pela cura como se apenas isso importasse. “O que adianta ganhar o mundo, e perder a tua alma?”.

Brenda Sá
Enviado por Brenda Sá em 24/12/2019
Código do texto: T6825889
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