Em terra de cego, quem tem olho e não usa, também é cego.

Há uma nítida diferença entre olhar e ver. "Para ver é necessário conectar a inteligência ao que se observa", já dizia o Mestre. E em épocas de cegueira da inteligência, cabe-nos uma reflexão para desanuviar o cristalino.

A ânsia material de ter, e demonstrar ter, leva o insensato humano ao distanciamento funcional das razões pelas quais o ter se justifica. Ter para quê? Por quê? Para qual uso?

Quando anuncio a máxima cartesiana, fico satisfeito com ter a notícia de que "penso, logo existo"? Melhor seria traduzirmos o logo por "em seguida", para analisar a temporalidade de que é necessário pensar antes para existir.

É suficiente pensar em "qualquer bobagem"? Ou teríamos que pensar em temas superiores para dignificar o uso da ferramenta? Que existência tem aquele que segue no correr dos anos pensando efemeridades em comparação com aquele que pensa e beneficia muitos com seu pensar? Quem existe mais? E quem permanece por mais tempo existindo passados os pórticos da etapa física atual?

Nossa retina mental projeta as melhores imagens quando nos respaldamos em conhecimentos que iluminam o campo de visão e dão aos olhos o poder de ir além do que a luz física nos permite. Penetramos assim no que está além da tridimensionalidade comum e absorvemos a luz imaterial que é origem e causa de todas as coisas.

Capacitemos nossos fotorreceptores para assimilar as imagens mentais que nos ilustram sobre o que há além de nosso conceito atual.

Sejamos honestos e humildes: busquemos quem possa nos ensinar acerca dos mistérios da vida e abra nossas inteligências para uma realidade superior.