OS SENTIDOS DA INFORMAÇÃO


Se você teve uma experiência dolorida
Saiba que toda dor é como uma praga;
Se você planta essa semente pela vida,
Rapidamente ela enrama e se propaga.

 
Pêndulo oscilando entre ser e não ser:
Foi dessa forma que nos fez o Criador.
Sempre agindo para obter mais prazer,
Ou ao contrário, para evitar sentir dor.
 
Guarde para si mesmo a dor que sente,
Pois uma semente que não é plantada,
Seca, e acaba morrendo naturalmente.
 
Com a felicidade também se faz assim;
Como tal, quando ela é compartilhada,
Ela se espalha como flores num jardim
.

 
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Tudo o que acontece em nossas vidas é informação. As nossas dores, as nossas alegrias, os nossos sucessos e os nossos fracassos. O nosso organismo foi construído para atender a dois parâmetros. Obter prazer e evitar a dor. Assim, qualquer coisa que fizermos na vida, todas as decisões que tomamos, obedecem a esses dois princípios. Quando não obtemos prazer, alegria, satisfação nas coisas que fazemos, a tendência é a gente se desinteressar delas.
E pior. Quando as coisas que fazemos nos causam dor, mais que depressa a gente procura se livrar delas.
Isso é assim com qualquer ação que realizamos. No trabalho, na vida social, nas relações pessoais. Não há outra forma de viver com qualidade senão obtendo prazer no que se faz e evitando as dores que as escolhas erradas podem nos trazer.
Isso é assim porque o nosso organismo foi construído para trabalhar com informações neurológicas. As imagens que vemos nos causam prazer ou nos desgostam; da mesma forma, os sons que ouvimos ou as sensações que o tato, os aromas e os paladares nos transmitem são dolorosas ou prazerosas. Escolhemos e evitamos outros em função da informação de dor ou prazer que elas nos trazem.
Mas nós não podemos escolher as informações que o nosso sistema neurológico recebe nas vinte e quatro horas diárias em que estamos vivendo. Sim, pois que mesmo dormindo as informações estão chegando e são recepcionadas pelos nossos sentidos. Por exemplo: Eu estou aqui escrevendo este texto, mas a minha mulher está conversando ao telefone com uma amiga. Escuto a voz dela. Não presto atenção, mas o meu cérebro está gravando tudo. Um dia, se eu precisar dessas informações para alguma coisa que possa me dar intenso prazer ou evitar uma insuportável dor, essa informação será recuperada, e sem mais nem menos poderei dizer à minha mulher: “você falou isso e aquilo.” Ela fará uma cara de espanto, perguntando. “Quando? Como você sabe disso?” Eu não saberei especificar quando foi e como fiquei sabendo, mas sei que ela falou.
É assim que muitos conflitos começam. Por causa de informações não filtradas devidamente. E isso acontece o dia inteiro. No ônibus, no metrô, no bar, na rua, na sala vendo televisão. As pessoas estão falando, mostrando alguma coisa, tocando na gente, submetendo nossos sentidos aos seus cheiros e seus paladares. 
Nós não podemos evitar de nos comunicar com as outras pessoas e com o ambiente em que vivemos. Tudo que mostramos, dizemos,  ou fazemos é comunicação.
Algumas dessas informações nós filtramos porque precisamos delas para aquele momento em que estamos vivendo. Por isso prestamos atenção nelas. A gente só presta atenção naquilo que nos interessa ou que precisamos responder. O nosso sistema neurológico é construído com essa conformação. Se não fosse assim ficaríamos loucos com tanta informação. Alguém já disse que na vida diária nós só usamos cinco por cento da nossa capacidade cerebral. Essa estatística está certa, mas a conclusão está errada, pois não é a competência do nosso cérebro que é assim tão mal utilizada e sim a nossa ignorância de como esse processo de utilização é realizado. Na verdade nós é que não aprendemos a usar, de modo correto e amplo, as informações que o cérebro recebe.
Talvez só sejamos capazes de usar cinco por cento das informações que recebemos porque achamos que não precisamos dos outros noventa e cinco por cento para viver. E um dia, (e quem já não viveu esse dia?) a gente diz para si mesmo: ah! se eu tivesse ouvido o que meu pai dizia...Ah! se eu tivesse prestado mais atenção naquele sinal da estrada... Ah! bem que aquele cheiro estava esquisito, mas eu nem percebi... Ah! eu bem que desconfiei que todos aqueles olhares, aquelas atenções, aquelas posturas corporais, aquele franzir de testa, etc. queriam dizer alguma coisa, mas...
 
Percebe-se, dessa maneira, a importância de aprender  a recepcionar e filtrar a informação que entra em nossas mentes. Se soubermos fazer isso poderemos criar para nós mesmo um mundo de altíssima qualidade de vida, pois então estaremos formatando um modelo de valores internos sadios, capaz de nos oferecer maior variedade de escolhas com melhor qualidade nas respostas.
É nisso que a PNL, como disciplina, pode nos ajudar. Ela nos ensina a prestar mais atenção nas informações que o mundo nos dá. E nos mostra também como aprender a filtrá-las, extraindo delas o que serve aos nossos propósitos e o que não serve. Muitas vezes, na informação que nos encanta a vista, ou parece música aos nossos ouvidos, ou que delicia os nossos sentidos, se esconde uma cobra que vai injetar em nós o veneno da descrença, da desconfiança, da inveja, do ódio. Todos componentes de imensa dor. E naquela que, à primeira vista, ou na primeira audição, ou na primeira sensação sinestésica nos desagrada, pode estar justamente a sabedoria que precisamos para o nosso sucesso, que é igual ao nosso prazer.   
 
Não é o mundo em que vivemos que é pobre e cheio de dificuldades. E não é nele que se encontra a verdadeira causa da pobreza, da infelicidade e das desgraças que atingem as pessoas. Essas causas estão no mundo que nós construímos em nossas mentes com as informações que recebemos. As pessoas que parecem não encontrar nenhum caminho na vida são aquelas que têm dificuldade de ver, ouvir, ou sentir o que há de útil nas informações que recebe. Em consequência constroem modelos de mundo tão pobres em opções de resposta que qualquer obstáculo que surge no meio do caminho lhes parece incontornável. Em suas mentes os muros são intransponíveis, as montanhas imensamente altas, o frio e o calor demasiadamente intensos, as distâncias incrivelmente longas.
A PNL oferece às pessoas uma forma diferente de ver, ouvir e sentir o mundo, o que quer dizer que ela convida seus praticantes a filtrá-lo de acordo com certos pressupostos. Alguns desses pressupostos são estruturas de pensamento que nos dizem como devemos recepcionar as informações que o mundo nos dá. Eles podem ser resumidos em algumas atitudes práticas, como por exemplo:
 
  1. Recepcionar críticas e elogios apenas como informações sobre a forma como a pessoa recebeu a nossa comunicação
Isso significa que elas entenderam ou não entenderam, gostaram ou não gostaram, precisam ou não precisam daquilo que estamos comunicando à elas naquele momento. Não há nenhuma necessidade de nos aborrecermos com as respostas que elas dão, mas apenas analisá-las em seu contexto e conteúdo. 
  1.  Não existem fracassos nem sucessos em comunicação, mas apenas bons ou maus resultados.
 Pensar que a nossa experiência fracassou poderá nos constranger a não repeti-la nunca mais. Mas se considerarmos que tivemos apenas um mau resultado naquela ação poderemos reorientar o processo e corrigir as distorções. Mau resultado pode ser tratado como informação útil, mas a idéia do fracasso é uma sentença de morte para a nossa motivação. Algumas perguntas que podem ser feitas nesse caso são: O que foi conseguido com isso? O que faltou para a realização desse objetivo? Quais os recursos que precisam ser providenciados para uma nova tentativa? Quais as novas estratégias que podem ser utilizadas? 
  1. Não perguntar por que as coisas acontecem, mas sim, como acontecem.  
Isso nos ajuda a entender a natureza dos problemas ao invés de levar a nossa mente a ficar procurando justificativas e razões para o fato das coisas não acontecerem como queremos. Se soubermos como elas acontecem, temos uma chance de modificar o processo numa nova tentativa, fazendo-as de modo diferente.
  1. Adotar um modelo aberto de pensamento que inclua muita curiosidade, fascinação e flexibilidade na forma de ver o mundo. 
Com isso estaremos adotando uma atitude extremamente receptiva à todas as informações que recebemos. Mais que isso, é preciso aprender a recepcioná-las com o espírito de uma criança: fascinada com o que vê, ouve e sente, mas de forma alguma assustada com isso.  E depois filtrá-la com o espírito de um adulto, perguntando: O que isso pode me ensinar? Onde, como e quando isso pode me ser útil?
(continua)