COMO SERÃO NOSSOS DIAS, SE A NOITE PARECE TÃO LONGA?

COMO SERÃO NOSSOS DIAS, SE A NOITE PARECE TÃO LONGA?

A vida sempre será uma caixa de surpresas, onde os dias só se repetirão no quesito do tempo percorrido circundantemente, pelas transações impostas, sem esquecermos dos rodopios obrigatórios para vermos os raios do Sol, seja de modo direto ou no seu refletir na crosta da Lua, que mesmo desnuda, ainda nos ajuda a ver os semblantes dos bichos e gentes, que mesmo indigentes, nos mostram o cerne de tudo que há.

Mas fico a pensar, se me deixarem ainda a possibilidade de elucubração das idéias, sobre o que terei pela frente, se nem sei o que a minha mente aguarda, como verdade ou loucura, quando só acho pela frente, quem mente e não sente que o faz, de maneira tosca, num escarcéu de posturas inquietantes, pelo conflito da guerra e da paz, pois não se satisfazem com o que Deus nos permite, e ficam a dar mil palpites sobre o que nem mesmo conhecem, pois vivem num mundo de fantasias, em que se julgam com primazias sobre os demais personagens com que convivemos por todos os dias, já que não somos destinados ao papel de ermitões.

E no meu caminhar, creio que já estou no escuro de uma noite quase infinita, sem ter mais a noção de quando chegarei ao raiar de outro dia, pois já sinto a azia de quem comeu e não gostou, pois ainda estou num arroto sem fim, como se até um marfim eu não pudesse mais achar, já que a vida só jaz, lá onde eu veria os elefantes em paz, como se os colibris ainda colhessem nas flores, o néctar dos polens, se não fossem os agrotóxicos e Nim, tão exóticos ao âmago das colmeias, que vêm as abelhas rainhas morrerem tão cedo.

Fico a imaginar as encostas do mar, cedendo às ondas tão grandes, pois nem os fiordes estarão seguros e fixados, mas sendo logo jogados ao mar tão revolto, e enchendo os abismos das lulas gigantes, onde não sei até quando verei os cachalotes afundar e voltar de todas as profundezas, para me mostrar os seus dentes e a testas medonhas, como se meu transatlântico adentrasse na foz de um rio, preenchendo todos os espaços possíveis ou mesmo imaginários, não dando espaço pros peixes voadores saltarem de novo e alimentarem os meus albatrozes fantásticos.

E foi num luar que congelou minha mente, em que longe eu vi o que nem mesmo eu sei se é luz para o túnel em que fui tragado, durante a ação do tornado que assolou meu jardim.

Eu ainda vislumbro o reflexo que brilha de Órion, como repositório de luz pro farol, que não é espanhol, pois me mostra a baía, onde todos os santos me mostraram a dor que gemeu no calor de morrer todo dia, no chicote rasgando as costas expostas nos pelourinhos de outrora e de hoje, os quais vejo agora, com todos disfarces que me fazem achar que liberto eu seja. Mas o beijo de Judas é o que me oferecem de graça, como se minha cabeça estivesse na praça, servida como um Batista se viu decepado.

Nessa noite tão longa, eu espero que um dia permitam a luz raiar para todos, mesmo que eu não possa mais colher os fótons que jorrarão do Sol, pois será muito tarde para quem, como eu, não sabe como serão nossos dias, se torturado eu já fui e me vi sucumbir.

Resta-me o consolo dos sonhos, que me propõem o nirvana que viceja, por crer que trilharei, com minhas botas, pelas vias de amor e tolerância que vislumbro encontrar na eternidade divina.

Publicado no Facebook em 16/08/2019