O RELIGAR E SEUS MÉTODOS

As religiões e os Estados são membros de um mesmo corpo. Necessitam das mesmas pessoas: ouvintes, "fiéis", andantes, pedintes, "militantes", gritantes, os outros "movimentinhos" de cá... e, de lá. São volantes de um enorme veículo denominado sociedade/civilização, irmandade à alguns. Quase uma utopia sentar em um banco duro, entoar cânticos, ajoelhar e rezar, sorri, saudar, observar as falhas da "irmã"... apontar! Acabando-se tudo volta-se ao lar, assistir impunidades na televisão (é crente têm televisão) ficar contente simplesmente pelo fato do resto da semana não haver mais cultos, programações dominicais, ensaios de orquestra ou alguma manutenção ou "obras", as viagens missionárias etc e tal.

Coloca-se uma vida, uma família, uma ordem na razão de alguém que prega segundo a sua maneira, segundo a sua própria carne, uma cartomancia bíblica. Um palanque não menor é o púlpito usando o pobre: o Estado. Mata a fome em troca do voto, em troco da caçamba para o entulho moral e do adesivo ao carro. Nisso o "politiquinho" ganha tudo em prol do que não tem nada (e o que não tem nada nunca aprende a não ter docilidade nesse palanque). Os Estados e as Religiões souberam como prover seus bens em troca de promessas ou pelo medo, souberam que fazer uma pessoa importante é tê-la nas mãos, uma subserviência aclamada que anda dando certo e é promissora a milhares de anos. O líder religioso é dono de emissora e a bancada política e conservadora nunca esteve tão em alta nos congressos. Sozinho nunca andou tanto o anarquista dito social, o livre pensador, não se pode fugir nesse contemporâneo do tal coletivismo, é crime.

O religar nunca foi tão desapropriado, volúvel. Há muitos negócios e mexendo nessa imundície só aumentará o desgosto e a desigualdade tanto no Estado como na Religião. O alienado verá como normalidade esse índice, lutará do lado mais rico, mais próspero, o pobre continuará com mais pobreza e mais deuses; tudo para haver consolação, o rito continuará no intuito de ocupar as mentes e se fazer importante dentro de uma comunidade ou uma câmara. São os métodos dando certo, o charlatanismo, a psicologia reversa, o templo e a câmara sempre andaram juntos, e a grande massa segue seu ritmo, quando alguém abre o olho e dos demais é excluído e tido como herege, professar outra doutrina e outros direitos é desagradar milhares de anos, milhares de liturgias das quais sabemos de cor e salteado. Somente alguém com muito louvor toca em tal assunto; ou alguém sem diploma mas de uma inteligência louvável.