Help! e a pandemia
Em uma época de crise, em que as informações parecem remeter às lembranças do auxílio da cultura em suas variadas formas, são fundamentais, seja para distrair um pouco a mente dos acontecimentos, seja para nos dar a noção de que não estamos sozinhos, que há outras pessoas sujeitas aos mesmos problemas. Isso pode ser observado no aumento do acesso às mídias digitais, com treinos, jogos, filmes e séries, e o aumento dos shows ao vivo, popularmente chamados por lives, disseminado pelos mais variados artistas. Nesse sentido, é possível fazer um paralelo com a música Help!, um dos clássicos dos Beatles.
No 1o verso, há um pedido de “socorro”, mas não o “socorro” de qualquer um, embora seja um auxílio rápido. Aqui, pensa-se em um paralelo com a realidade atual, uma vez que esse “auxílio qualificado” poderia vir dos médicos, enfermeiros, cientistas e políticos que estão atuando na linha de frente para combater o vírus, buscando soluções e implementando medidas. Outra possibilidade seria o cuidado dos mais velhos pelos seus filhos, uma vez que também não se trataria de um desconhecido, mas alguém capaz de exercer a proteção necessária aos idosos.
A música segue em sintonia com a realidade, apontando agora para a juventude, uma época em que o jovem aparenta não precisar de ninguém, sendo autossuficiente para tudo. Nisso, dá pra pensar nas pessoas que menosprezam ou diminuem a doença como se não fosse nada, ou apenas uma grande “histeria coletiva”. Esse pensamento perdura até que um deles contraia a doença, mudando a sua percepção e compreendendo a realidade do que acontece no mundo.
Novamente, o refrão traz a necessidade de ajuda, já que o eu-lírico diz estar se sentindo mal, precisando de companhia para trazê-lo de volta a realidade. Desse trecho, depreende-se a necessidade de adaptação aos novos tempos, reestabelecendo rotinas e comportamentos, já que a maior parte do tempo é passado dentro das suas residências, saindo para a rua somente para o necessário, ou seja, itens de limpeza, alimentos e medicações. Além das lives artísticas, o uso das chamadas de vídeos também é uma aliada para o trabalho, propiciando a realização de reuniões, videoaulas, além de manter ativa a relação entre amigos e familiares, que, por quaisquer motivos, não podem estar juntos dos entes queridos.
Para além das lives, destaca-se a iniciativa de artistas para arrecadar alimentos, roupas e mantimentos para instituições de caridade, cujas doações baixaram no período de quarentena, através da realização de apresentações pelos bairros das cidades, como ocorreu em Maceió com a apresentação do projeto Drive Trio Solitário capitaneado pela drag queen Paty Maionese.
Assim, é possível observar que a vida vai “imitando” a arte na medida do possível, com o socorro dos “heróis da saúde”, que ficam nas linhas de frentes e do auxílio dos artistas, dos amigos e da família, aliados na retaguarda para evitar a tristeza e insegurança como dominantes em meio ao caos que atravessamos nos dias atuais.