Quanto vale o valor?

Quanto vale o valor?

Quem acredita na evolução das espécies, tal como foi formulada por Charles Darwin, deve acreditar em progresso. A própria palavra evolução traz um forte significado conjunto, que é um significado torpe de melhoria. Associa-se comumente evoluir a melhorar. O que, em todo o caso, na visão da evolução biológica é uma falácia. Assim também, por analogia, consideramos uma pessoa x como mais evoluída que outra pessoa y, quando dizemos isso queremos dizer que essa é pior que a outra. E se qualificamos em uma escala de valor totalmente nossa, nosso intuito não é dizer que é só nossa essa escala de valor, mas acreditá-la como absoluta, válida para todo o universo, e quanto a isso não consigo concordar.

Charles Darwin escreveu seu “Sobre a origem das espécies” abrindo uma nova luz ao conhecimento humano. Ele demonstrou, o que com inúmeros desenvolvimentos, veio a ser uma das maiores clarificações ao intelecto humano de todos os tempos. Viemos de seres unicelulares que foram se transformando, adaptando e evoluindo até se agruparem em uma sociedade complexíssima de pequenos seres chamada ser humano. Há, entretanto, um ponto central que não pode ser esquecido quando se vê esse percurso, o organismo unicelular não tinha como ideal de sucesso alcançar a forma humana. A evolução não tinha, como não tem, um caminho definido e não tem um antes e um depois determinados. Nesse ponto, específico, é que devemos prestar atenção. O ato de evoluir é apenas mudar, cegamente, e nesse processo, em que cada indivíduo da espécie mudava ou mutava de um jeito, algumas das mudanças permaneciam, por serem mais adaptáveis ao meio. Um dos pontos da teoria darwiniana que foi posto abaixo foi justamente esse, a necessidade não como causa da mutação, não é porque o organismo precisa que ele vai e muda. A mutação, em decorrência a adaptação ao meio, é de forma aleatória. Por isso que quando uma espécie se extingue é dito que ela alcançou sua evolução máxima, não porque tenha atingido o nível mais “perfeito” de existência, mas é que ela mudou tudo o que pode até aquele momento e ali se findou.

É importante ressaltar isso, para repensarmos o conceito que damos à palavra evolução em nossas mentes. O que vai ser de extrema importância quando formos aplicá-lo na prática. Esse ato de evoluir não vem determinado ou a priori, mas sim é um ato que só ocorre depois que alguma mudança acontece, e não é qualquer mudança, é uma que prolongue a vida da espécie que sofre a mutação. Então o fato da mutação não garante, necessariamente, a evolução. Paremos aqui para dizer que o conceito de evolução é um conceito puramente humano e que na natureza não há nada disso, pois não há memória. Os animais não sabem de seus ancestrais e nem que haverá um futuro. Por isso sua realidade é unicamente presente. Se só existe o que está no presente, então, não há essa idéia de melhor ou pior, é puramente uma realidade contingente. Então para a natureza não existe um começo e um fim, não existe evoluir como forma de alcançar a perfeição, assim também não há conosco, mas acabamos nos associando a essa idéia através dos tempos.

Muito desse pensamento vem da idéia de utopia. Praticamente toda perfeição é uma utopia, digo praticamente, pois pode existir alguma que eu desconheça, mas dentro do meu conhecimento posso dizer que toda perfeição é utópica. Ela serve para pensarmos em nossa realidade e utilizarmos a idéia como uma baliza, um tópico que usamos de forma comparativa. Dentro do pensamento atual, ao vermos um ser unicelular e ao enxergarmos nós como ápice do processo evolutivo é que conseguimos colocar nossa idéia de evolução em um nível do pior ao melhor, contudo é uma mera desculpa para podermos fazer coisas que não deveríamos se não tivéssemos esse pensamento. Vivendo em uma democracia, seja quão ruim quanto uns apontam, seja tão razoável como outros dizem, ela dá liberdade ao pluralismo. Ao contrário de outras normas de vida nossa democracia não nos diz qual o fim último do ser humano, apenas nos garante a liberdade de seguir a nosso passo em direção dele. Ao contrário dos projetos de sociedade que garantem um fim último, a felicidade da nação em detrimento da felicidade do indivíduo, por exemplo. A felicidade do paraíso em detrimento da felicidade terrena é um dos exemplos mais contundentes de nosso ocidente terrivelmente influenciado pelas doutrinas religiosas. Para citar apenas uma das tantas influências: o pensamento religioso católico diz que somos todos iguais perante à Deus e que nosso julgamento se dará no post mortem. Deixando assim a ação para a mudança terrena de fora da práxis religiosa.

Naturalmente nada vale mais que nada, ou tudo vale igualmente. Espécies “preciosas” são extintas tão facilmente quanto outras sobrevivem e se precisar, para sobreviver, fazer o que for, seja matar sua cria, sacrificar o indivíduo em prol da espécie, comer seu semelhante, comer outra espécie viva, ou demais atos que a nós humanos podem parecer extremos, a natureza se exime de qualificar quaisquer desses meios, o que conta é o fim, a sobrevivência da espécie. Em nossa era primordial também agíamos conforme nossa necessidade, há tribos indígenas que matam suas crias se elas forem defeituosas, há outras que controlam a taxa de natalidade para poderem se adaptar melhor ao meio em que vivem, e demais artifícios em prol da melhor convivência com o meio. Não por altruísmo, mas, também, pela própria sobrevivência. Coisa essa que foi posta de lado quando o pensamento religioso entra em pauta e diz que toda vida é sagrada, não pela vida mesma, mas por algo além que supostamente a criou. Nesse ponto mudamos, evoluímos assim como genes sofrem mutação, mas não podemos dizer que isso foi melhor ou pior, apenas diferente.

Segundo a evolução das espécies saímos de um modo de se locomover em quatro pés, ou patas, e passamos a andar suspensos em duas pernas. Uma extensa série de valores se formam instintivamente com isso. O alto como melhor que o baixo, é um exemplo distinto dessa valoração automática que criamos, embora não podemos classificar de modo algum o alto como realmente melhor que o baixo, apenas um ponto de vista nosso, particular, se passa como absoluto. De fato, pode parecer monstruoso o que se dirá, mas a vida humana absolutamente não é um valor. Não há como demonstrar fora do âmbito natural, que nos diz que tudo é equivalente, que a vida é melhor que a não vida ou ainda que a vida de um homem vale mais que a vida de um guaxinim. Lógico que para nós, que vivemos, viver é melhor que morrer. Para nós que somos humanos a vida de um homem vale mais que a de um animal qualquer. Surge, então, toda a gama de valores que temos, os valores não são absolutos, mas os criamos e se algo se parece bom para mim não é porque há um atributo “bom” na coisa que desejo, mas só porque eu a vejo como boa. A vida só é boa para quem vive e valoriza sua vida, para um depressivo agudo a vida não tem valor, e são usuais os casos de suicídio. Nos campos de concentração a vida dos judeus não tinham valor, logo milhões de indivíduos foram mortos. Ad infinitum...

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Então passamos para nosso estado democrático que garante a igualdade de direitos a todos. Nesse ponto esclarecemos que o estado democrático tem que lidar com duas variáveis, a do grupo e a do indivíduo. Para que todos tenham certa liberdade é preciso que se restrinja a liberdade de todos, e se o valor é individual, ou coletivamente compartilhado, ele nunca é absoluto de fato, mas é absoluto para cada um. Para mim o valor “vida humana” é absoluto e eu nunca de espontânea vontade me colocaria em direção de matar ninguém, excetuando-se casos extremos. Nossa democracia garante a cada um seu pedaço de liberdade (falo aqui do propósito democrático como utópico, na prática é totalmente diferente) e se o modelo democrático não é capaz de dar igualdade para desiguais, se as leis que se dão estão sujeitas aos escrúpulos de cada um, se os três poderes que se auto regulam estão à mercê dos caprichos individuais e as forças políticas são jogos de interesses, as leis por mais bem arranjadas que estejam não conseguem fazer as vezes de perfeição, mesmo se cumpridas à risca. Um estado facista pode ser escolhido pela maioria da população, ser regulamentado por leis, nem por isso essas leis valem alguma coisa. Acima das leis, acima de qualquer estatuto ou constituição está a idéia de valor humano. O grupo vive conjuntamente e se rege por leis, iguais a todos e onde todos os cidadãos são iguais, mas quando passamos para a escala do indivíduo muda-se o âmbito da conversa, já que para o indivíduo há pessoas próximas, há conhecidos e há interesses, logo os valores mudam, as perspectivas mudam. Se nenhum valor é absoluto, como não parece ser, temos que garantir que cada pessoa tenha o direito de ter seu conjunto de valores e que cada outra pessoa possa ter os dela.

Entretanto se temos valores diferentes, e lutamos para que eles prevaleçam ao invés de outros, só podemos fazer isso dentro do âmbito das leis. Recebido isso como algo que deva ser seguido à risca, acabamos com o direito de justiça pelas próprias mãos. Mas como disse acima o ideal das leis garantindo a liberdade e igualdade de direitos a todos era mera idéia utópica cabendo aos cidadãos lutarem para que possamos chegar o máximo próximo dessa realidade. A contribuição de cada um para o cumprimento da lei e a manutenção da ordem é de extrema importância. Pois uma lei, por mais bem intencionada que for, se não for cumprida por ninguém, não há estado que for que garanta seu cumprimento.

O contraponto está, justamente, na dicotomia grupo-indivíduo. O que é melhor para mim não é, necessariamente, melhor para o grupo nem o que é melhor para o grupo é, necessariamente, melhor para mim. Já que âmbitos diferentes englobam ações e vivências diferentes. E nesse ponto contrariamos completamente uma das mais arraigadas regras da biologia das espécies. A espécie quer se propagar. Os genes querem sua manutenção e em prol disso garantem um funcionamento interno único a cada indivíduo. Nesse âmbito quebramos com a natureza, pois nossos instintos que antes nos diziam o que e como deveríamos fazer para sobreviver, caçar, procriar, cuidar da cria, alimentar o grupo, já não é mais válido. Em decorrência disso há toda uma adaptação ao novo modo de vida. A vida em conjunto, além do egoísmo, além dos impulsos de violência e morte, além do bem e do mal.

Baseado no descrito até agora podemos concluir alguns pontos em forma de resumo.

A evolução das espécies não nos indica um caminho definido que a natureza percorre. Ela não nos diz que antes era pior nem agora é melhor e toda a história da natureza, e do universo, é livre de qualificações de valor. Essa valorização é fruto unicamente do ser humano enquanto consegue manter a consciência. Já que nunca se presenciou um morto dando mais valor à morte que sua vida passada.

Ao nos desenvolvermos, em decorrência de algumas mutações e adaptações que sofremos ao longo dos milhares de anos da nossa espécie, automaticamente nos unimos em grupos, seja isso fruto da inteligência ou do instinto (vendo como inúmeras espécies vivem em grupos não crê-se que nossas sociedades sejam fruto de nosso intelecto). E ao nos unirmos em sociedade acabamos com ações fundamentais para quais os nossos corpos e mentes estavam preparados, como caçar, criar e reproduzir in natura.

Com o advento da linguagem, o desenvolvimento da escrita e a organização de pensamento em um nível diferente, conseguimos nos organizar em sociedades com leis, regras e normas, conseguimos passar essas leis para todos os cidadãos para que essas funcionalidades urbanas pudessem fluir e se propagar. Desde qualquer grande aglomerado urbano as áreas, as definições, os poderes e os mandantes se auto-definiram por inúmeros fatores, que são complexíssimos de serem precisados. E se não caímos na barbárie é porque ao sermos criados inserimos em nossas mentes essa definição que nos é passada.

Quando ganhamos maturidade de pensamento constatamos que existe uma diferença gigantesca entre o interesse do indivíduo e do grupo, há ainda interesses diferentes entre diversos grupos. Sendo a política institucionalizada o meio para que se busque mudanças no grupo como um todo e não sendo nada mais, essa política, que um jogo cego de interesses, jogo esse que termina em leis, termina na constituição, que é a norma máxima, valendo a todos igualmente como guia, cabendo ao estado garantir que ela seja cumprida.

E além das leis há ainda o valor humano, que cada um trás consigo, e seja qual for o tipo de governo, se há um abuso desse poder, os indivíduos têm a capacidade de sentir esse abuso, de uma forma natural e lutar contra isso, pois por mais que as leis valham a todos e por mais que as leis sejam o estatuto máximo a serem seguidas, elas podem, ainda, serem injustas, cruéis e confrontarem basicamente o nosso sentimento humano máximo, nesse caso o amor, explico então a partir daqui.

Os valores não valem nada, a não ser para quem os tenha como valor. O valor da grama para o boi é um que não é compartilhado pela pantera, que por sua vez valoriza a carne. Isso não acontece porque é pensado, mas sim porque é instintivo, só porque se entrega ao instinto carnívoro que a carne será valorosa. E assim por diante. Quando tratamos de seres humanos constatamos uma distanciação da natureza instintiva. Benjamim Libet, fisiologista americano, demonstrou por experimentos que nós seres humanos agimos antes de termos consciência disso, o cérebro manda a ordem de movimento, ou impulso, ou pensamento, e só teremos consciência disso um tempo depois. O que nos reduz ao simples automatismo cerebral, certo? Errado, o cérebro pode nos impulsionar cegamente para o que fazemos, mas temos um poder importante nesse âmbito, já que o tempo decorrido entre a ordem cerebral, a tomada de consciência e o movimento em si é capaz de nos proporcionar a chance ao ato voluntário de veto.

Isso traz implicações tremendas para o pensamento humano. Entretanto há a capacidade humana de mudar de vontade, ou frear a própria vontade, já que o sentimento de vontade não é livre, mas é um subproduto da ação já em movimento. Esse esquema demonstrado por Libet também serve para pensamentos que achamos que pensamos. Afinal eles são uma espécie de “ação”. Nossa capacidade de pensar o nosso pensamento, e ter consciência de nossos impulsos é de fundamental importância para que consigamos nos manter em sociedade, e quanto mais mentalmente ativa for uma pessoa, mais ela conseguirá resistir aos impulsos naturais decorrentes dessa máquina que nos move e dá consciência. E se não só nos move e dá consciência como faz em nós surgirem os sentimentos. Esses que estão acima de qualquer razão, qualquer lei, qualquer estatuto. O êxtase sentido com uma música, o deleite de apreciar uma obra plástica, a alegria em ler um texto esclarecedor, são funções cerebrais que vão além do automatismo, elas transcendem os impulsos mais ordinários dando a nós humanos a chance de sermos mais do que meros pilares do mecanicismo.

Essa capacidade humana de ir além das normas, da natureza dos impulsos, dá um valor à vida. A vida vale por si mesma, porque é unicamente através da vida que surgem quaisquer outros valores. Para se valorizar algo, precisa-se viver, estar vivo e consciente. A vida, em condições mínimas de funcionamento é o valor máximo que o ser humano pode ter. O valor só vale enquanto valor enquanto a vida é vivida. E essa máxima se não for universalizável não serve de nada. Toda vida é valorosa e vale tanto quanto valem as outras. Ou pelo menos deve ser. Aqui entramos no mesmo problema da democracia, uma regra universal tem diferentes aplicações na pratica do grupo e dos indivíduos. Na prática do grupo a vida humana vale igualmente para todos, independente do que fazem, o estado laico não aplica julgamento, seja uma vida x, seja uma vida y. Ele não tem determinações para a vida, em prol da felicidade, ele não subjuga ninguém a nenhum ideal, somente tende a garantir que toda vida possa ser vivida com igualdade de condições punindo, assim, aqueles que agem desconforme essa norma. Para o indivíduo é clara a noção de que a vida dele vale mais que a do outro. Para um pai, a vida do seu filho vale mais ainda que a sua própria, e assim temos individualmente uma escala de valoração própria. Essa escala de valoração própria é devido ao amor. Pessoas que amamos valem mais para nós que pessoas que não amamos. E se os filósofos procuram mostrar que devemos amar a todos, isso é tão longe da realidade que chega a ser risível. Jesus pregava o amor ao próximo como a si mesmo. Se não fosse impossível seria uma boa filosofia de vida. Amar ao próximo como a si mesmo só é possível quando se anula o individuo em prol dos outros, já que o amor equivalente levaria a uma não preferência de si aos outros, mas nessa extinção do si acabaria a força motriz para se sacrificar, o eu. Enfim, sem querer prolongar o pensamento, na prática seria impossível.

O estado, então, aparece para intervir nessa preferência de uns pelos seus chegados em detrimento de outros que não se conhece. Esse egoísmo tácito do amor é controlado pela igualdade à vida e à liberdade de todos. Qualquer forma de violação dessa regra é severamente punida. Mas é só por essa capacidade egoísta de amarmos mais os nossos chegados que aos desconhecidos é que podemos, para além, julgar uma lei injusta. Se a lei é o contrato de todos para que possamos viver, nada mais superior que o consenso geral sobre ela.

Se a vida é o valor supremo, é só pelo amor que conseguimos chegar a essa conclusão, na experiência de vida. E se, aceita-se esse fato, não podemos nunca deixar de lutar pela igualdade dos desiguais ou pela ação, através do amor, para que todos tenham sua parcela de igualdade. Sejam criminosos ou inocentes. É complicado, entretanto, falar de criminosos, pois nessas horas o impulso que nos põe em movimento é aquele que determina vingança. Entretanto, vingança não é e nunca foi o dever nem do amor, nem do estado. Não temos como classificar o valor do ser pelas suas atitudes, o ato criminoso é apenas diferente do que queremos para nossa sociedade, logo cuidamos para que ele não se repita. Por ser unicamente diferente, sem ser melhor ou pior, é que o estado deve puni-lo com as medidas cabíveis pelo descumprimento da lei, não por vingança, mas por mera norma determinada. Quando dá-se um criminoso ao público, esse pela maior manifestação de animalidade grotesca é capaz de matar o indivíduo praticante do ato ilícito, e com isso voltamos ao tempo de barbárie. Nessas horas vemos quanto o ser humano ainda não se desenvolveu para se diferenciar de seus ancestrais, não digo melhorar, mas apenas agir diferente. E se a evolução é um mero agir diferentemente, uma mudança, sem valoração absoluta, essa mudança não se viu até hoje. O que nos leva a pensar que se em milênios de história humana uma pessoa ainda é capaz de matar a outra por mera vingança cega, vemos o quanto o ser humano precisa de mudar. Pois, não dizendo que não se vingar é melhor que se vingar, mas colocando tudo na balança, a vingança é um ato sem fim, que gera mais vinganças e mais revoltas, mais violência, e se uma coisa é certa, é que ao longo do tempo tendemos a modificar nossa conduta para o mais longe possível dessa violência gratuita. Em tempos de guerra é necessário a sobrevivência, o olho por olho é praticamente aceito, mas mesmo assim temos regras, a cruz vermelha está aí para nos dizer que qualquer ferido é um se humano acima de tudo, a rendição é tida como merecedora de crédito em prol da vida etc. O ser ainda está longe de valorizar o valor, e o valor não vale tanto quanto acho que deveria valer. Pois se ele se relativiza assim que algo fora dos padrões acontece é que ele é um valor de fachada. Se dá-se a oportunidade de matar um criminoso de forma covarde como um tiro na cabeça em retaliação aos seus atos, não nos diz que saímos de nossos primórdios animais como seres humanos, apenas encontramos meios para nos protegermos desses impulsos, nessas horas o amor passa longe, as convenções passam longe e apenas vemos o animal. O valor vale quanto? Tanto quanto vale a vida de cada um? Tanto quanto vale a minha vida só? O valor ainda é desvalorizado, é respeitado, mas mais por medo que por obrigação humana, mais por lealdade às leis que por escolha individual. Estamos longe de sermos seres humanos, estamos só proibidos de sermos os animais que queremos.

leandroDiniz
Enviado por leandroDiniz em 18/10/2007
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