Imagem: Antônio Souza
 
Os rios da minha vida

 
“Pouco importa o Poeta, o importante é a poesia”.
 
 
Com o tempo vamos percebendo, que não foram poucas águas que já se passaram sob a ponte da nossa vida, e já formaram grandes rios de lembranças. Quando isso acontece é porque temos muitas histórias a contar, alegres ou tristes, não importa é assim que funciona a vida, um livro grande que registra tudo, o bom e o ruim de cada fase; ela é muito amiga do tempo e este não perdoa, passa para todos e aos poucos envelhecemos com nossas fábulas, e com elas vamos até a morte.
 
Nestes dias de isolamento, a titularidade dos momentos passou a ser dela a tão intrometida “saudade”, talvez por estarmos com poucas opções para dribla-la, então ela se faz alvissareira e machuca o que pode, até te levar as lágrimas ... – há bem pouco tempo perdi minha querida irmã e desde então meu sorriso é sempre murcho... ela me fazia sorrir alegremente, preenchia meus espaços vazios... era p’ra casa dela que corria quando a tristeza abancava e a solidão queria tomar conta de mim. ­– Lá a gente ouvia músicas, tomava cerveja e jogava dominó... ela, eu, meu primo e meu irmão. – Nossa!... Como era legal.
 
Ela tinha um romantismo que eu gostava muito, as músicas embora ditas bregas, tinham o condão de nos animar e ao mesmo tempo emocionar... tem uma que ficou para sempre... era a faixa onze do CD do Leonardo com Eduardo Costa... dizia assim: - “eu nunca pensei que tivesse fim... o amor que você demonstrou a mim... foi tudo mentira eu acreditei... você me enganou me abandonou... juro que chorei”... – rsrsr ... era muito legal, mal a música terminava de tocar Ela olhava pra mim, eu já sabia... ela queria que voltasse a tocar de novo. Quando eu mexia no controle em seguida Ela dizia: – não sei porque tu gostas dessas músicas apaixonadas... tu não gostas de ninguém! – Eu ria e ficava calado. – Assim o tempo passava, entre músicas, boas risadas e um joguinho p’ra distrair, além de umas cervejinhas... rsrsr
 
A Beth ia comigo p’ra onde quer que fosse... p’ro sítio... nas pequenas viagens e estava constantemente na minha casa, aniversários, brincadeiras e tudo mais. Foi no ombro dela que me acalmei quando fiquei só. – Hoje sai às ruas p’ra me distrair... liguei o rádio do carro, a tal música tocou, e quem chorou fui eu. – As águas do meu rio continuam passando, às vezes se confundem com minhas lágrimas.
 
Mas é assim...
"Ema, Ema, Ema... cada qual com seus problemas".
 
 
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Antônio Souza
(Ensaios)
 
https://youtu.be/UrpyVQFKO7E 
Rem -  Everybody Hurts
 

https://youtu.be/tLFt_v1GAkk   

Como eu chorei - Leonardo / Eduardo Costa
 
 
www.antoniosouzaescritor.com