Fake news de qualidade

Boimate

A velha imprensa está muito incomodada com a disseminação de notícias e opiniões grátis na internet. Chamam de fake news. A grande imprensa quer de volta o monopólio da desinformação. Abaixo, darei alguns exemplos de absurdos difundidos e, pior, vendidos.

Em 1983, a revista Veja publicou a pérola da engenharia genética Boimate. Essa “barriga” (notícia falsa), travestida de avanço científico, tratava-se de um, inexistente, híbrido de boi e tomate. Genial! Para celebrar o Dia da Mentira, a revista britânica New Science replicou a, suposta, matéria. A revista semanal Veja, achando que estava publicando “a matéria”, abraçou a balela. Como poderia deixar de copiar tal novidade do renomado impresso britânico?! Como toda imbecilidade precisa de um especialista de estimação para emprestar credibilidade e impressionar matutos, a Veja não bobeou e chamou um engenheiro genético da USP para corroborar a grande “novidade”. O especialista empresta um presumido viés de autoridade e também é o bode expiatório, o “Louro José” que, coitado, irá carregar toda a culpa da falsa matéria.

Homer Simpson quis ficar rico com o Tomaco, uma mistureba de tomate e tabaco! Talvez o jornalista dessa “reporcagem” também tenha um crayon (giz de cera) alojado no cérebro.

Escola Base

Em 1994, crianças disseram para seus pais que “coisas estranhas” ocorriam na escolinha. Os pais acusaram os donos do estabelecimento de ensino de estupro. A imprensa, a Polícia e a opinião pública entraram nessa, a histeria foi coletiva e ruidosa. A denúncia era infundada. As vidas de quatro pessoas foram destruídas. Essa história serve de estudo nos cursos de Jornalismo, exemplo do que não se deve fazer.

A informação é tida como confiável quando vem de uma fonte com credibilidade. Quando essa notícia é sabidamente falsa trata-se de desinformação. Quando a emissora ou publicação também foi enganada é apenas um erro, ou fake news em estado puro.

A expressão fake news é usada pra estigmatizar qualquer opinião indesejável. Políticos não querem que reclamações cheguem (ou saiam) a Brasília, e veículos de imprensa querem manter o monopólio da influência, bem como o mínimo de concorrência possível.

RRRafael
Enviado por RRRafael em 04/09/2020
Código do texto: T7054551
Classificação de conteúdo: seguro