“A Dúvida é o preço da pureza”

–Du, cê não vai acreditar, a (Re)Engenharia do Rock não pode acabar! Fiz oficinas, por aí, em hospitais, e, escolas incluindo de alunos especiais...

–Léo, pode deixar que eu tô usando a (Re)Engenharia sem parar, nas minhas aulas de português, nas lembranças, na fé, na Infinita Highway...

–Cara cê não vai acreditar acabei de ler uma entrevista do Humberto que me deixou pra lá de Shangri-Lá...

–Calma aí amigo! O que tava escrito?

–Ele (o HG) disse ao ser perguntado, que, daqui a 20 anos quer estar numa praça tocando acordeão. Fiquei triste, pois quero o meu ídolo, num enorme palco, cheio de luz, cheio de gente, e eu lá na frente na highway da super-informação!

–O que mais ele disse?

–Ah, não sei, não me lembro criei um palimpsesto. Mas parece que ele disse que no futuro os shows vão ser filmados, e, os fãs poderão comprar o registro do show que acabaram de assistir! Isso não será o máximo?

–Léo, será muito legal, esse lance de levar o show para casa, para sempre. Agora me fala uma coisa que tá me encanando: qual é o grilo do HG tocar numa praça um novo instrumento daqui a 20 anos?

–Não sei...

–Veja bem, o futuro a Deus pertence já me ensinou minha mãezinha! E o Humberto mesmo canta “só não venha me dizer o que é melhor pra mim, ninguém pode saber...”. E para quem escreve tantas coisas sobre ele, inspirado nele, aprendeu a ler nas entrelinhas da poesia dele, e a ver além dos outdoors; você deveria jogar de centroavante!

–É Du, eu sei... Mas me bateu uma melancolia em pensar essas coisas.

–Nossos ídolos pulsam vida, estão repletos dela, são até heróicos por seguirem seus sonhos e seus dons, e assim trazem arte, trazem filosofia, trazem uma nova ciência e abrem portais antes fechados da religião. Não dá para nós fãs, controlarmos essa catarse.

–Grande José Eduardo, sábio e jovem. O que posso dizer que não sejam palavras aladas de consonância com o seu coração? Mas isso ainda, não alivia minha vontade de ver os Engenheiros com um público sempre maior e paradoxalmente de costas para a grande midiocracia que aí se encontra.

–E quem falou que isso também não vai rolar? Não dá para ser futurólogo, mas penso que tocar acordeão numa praça, é razoável nesse contexto!

–E se eu te disser que essa praça é do interior?

–Qual problema? Viva o Brasil profundo! Os fãs vão estar aposentados e irão até a pé onde os Engenheiros estiverem e forem tocar, isso é o que vai importar, novos fãs vão surgir numa relação tão bonita que eu seria ridículo em tentar explicar essa emoção! Então falo mais alto nesse telefone, qual o seu medo?

–Nossa você tem um ângulo tão seguro, que até me encoraja e me faz sentir que também posso mudar minha mente. Não sei se há problema em tocar no interior, hoje eu moro no interior, e gosto muito! É que a gente fica vislumbrado com megaeventos, e o calor humano aumenta o delírio que alivia o anestésico do cotidiano, o poder da massa de fãs é esse... O poder da banda no palco também não dá para explicar...

–Mas Léo, você tem medo que isso tudo vai acabar?

–Tenho.

–POIS NÃO TENHA! Quando desligarmos o telefone, pegue seu mp3 pare numa sombra duma árvore e, escute com muita atenção as músicas: “CONCRETO E ASFALTO” e uma OUTRA que eu esqueci como que se chama, e, nem consigo cantar um pedacinho, mas que fala de superação.

–Pode crer maninho que eu vou fazer isso!

–Faça mesmo, eu também o farei, você em Inhumas, já que mudou de Goiânia e eu em Araraquara, escutando “Concreto e Asfalto”, será que nesse mesmo instante mais alguém do planeta estará fazendo o mesmo?

–Sei lá, de qualquer forma já é surreal pensar nisso. Meu medo, não está no fim, pois sei que a arte verdadeira não morre, é imortal, meu medo talvez esteja na mudança, pois ela sendo permanente, nos exige uma mente leve e incondicionada, e você sabe muito bem como age o ego.

–É eu sei, nós sabemos, e deve ser difícil para você escritor, pensar no distanciamento da fonte maior, ou pelo menos de uma delas...

–Difícil é, mas é também uma vontade de fazer circular a energia, para mais gente, e em mais intensidade para os iniciados na Engenharia Hawaiiana.

–Léo, Léo, sempre pensando nos demais, sempre com um amor que transborda no peito. Isso é muito bonito. Mas um futuro do qual nós somos grandes fãs, também é belo, veja se nós já soubéssemos dessa história, estaríamos até insuflados de rigor em vez do brilho secreto da vitória, que alude a esperança simplesmente.

–Sim, isso só confirma que um céu cheio de estrelas, é um céu que guarda aquela estrela para aquele olhar, basta fechar os olhos, desejar, e, quando abri-los a estrela que é sua se destacará. Você já fez isso?

–Já fiz, e escutando “EU NÃO CONSIGO ODIAR NINGUÉM”. Quando criança fazia mais, e mesmo que uma estrela possa “mudar de lugar” de um dia para o outro, o sonho é o mesmo.

–É Du, chegou a hora de desligar. Aprendi muito conversando com você, aprendi que de fato, “a duvida é o preço da pureza” e eu não quero perder meus sonhos, deixe que nossas estrelas mudem de lugar!

–Assim é melhor.

–Abraços na Márcia, nas meninas e em todo mundo!

–Abraços na Elisangela e a gente se encontra qualquer dia desses!

–Du, cê não vai acreditar acabei de ver a agenda de shows no site oficial, e, vai rolar show em Araraquara e logo depois em Inhumas...

Leonardo Daniel