O amor na apresentação de Kevin Skinner

Deixa eu escrever um trocinho para vocês. Porém antes peço que vejam o vídeo que está nesta postagem (link nos comentários). É um vídeo tipo aquele do Paul Potts e da Susan Boyle, porém o rapaz canta um tipo bem diferente de música e isto causa um impacto um pouco diferente do causado por estes outros dois. Não se preocupem, o vídeo não é longo, a música está legendada e é muito agradável.

Agora vou explicar o que está acontecendo aqui porque, acredito, você deve ter percebido que há algo a mais que apenas um cantor surpreendentemente bom. Falando pelo acontecido na música popular do Brasil (aquela realmente popular, não aquelas afetações pseudo-intelectuais), começando pela década de 80 e indo até mais ou menos a década de 10, tivemos um grande movimento de músicas de amor. Algumas vezes, principalmente na década de 80 e início da década de 90 era uma coisa que chamo de coito lírico, onde a palavra amor é usada apenas como um eufemismo para sexo. O movimento seguiu para um romantismo apaixonado, que é algo diferente do que é propriamente o amor. Tivemos um auge com a moda do pagode e depois pulamos para a “música de curtição”, que é o que domina o cenário hoje.

Acontece que, no meio disto, foram feitas diversas músicas que realmente retratam um amor sincero (ainda que desordenado em alguns casos) entre um homem e uma mulher. O ponto onde quero chegar é que o amor matrimonial sublime nada mais é que o amor divino, de forma que uma música que trata do amor verdadeiro, mesmo que esteja falando do amor matrimonial, pode ser “transportado” para o amor divino (sugiro, por exemplo, que procurem a tradução da música The Closer I Get to You da Roberta Flack ou escutem Fim de Noite do grupo Adryana e a Rapaziada com este novo olhar; link nos comentários). Este é justamente o caso da música cantada pelo sujeito chamado Kevin Skinner.

Ainda que pareça ao amante não ser necessário que o amado saiba do seu amor, este conhecimento pode ser útil. Jesus entregou-se por nosso amor e é de Seu interesse que saibamos disto porque é necessário, para nosso bem, que saibamos como somos amados por Deus. O amante não quer que a amada conheça o seu amor por algum tipo de vaidade interna mas porque a amada, ao saber que foi amada com um amor tão grande, quererá tornar-se digna deste amor, retribuindo-o. Será assim virtuosa pela inspiração do amor que sentiu. Nós, com relação a Deus, estamos na mesmíssima posição.

Vamos agora falar da psicologia da plateia e dos jurados. Notamos que eles, com seus risinhos e seu desprezo, não têm amor pelo homem humilde que se apresenta diante deles. Susan Boyle e Paul Potts encantaram por causa da técnica vocal; a primeira cantando uma música sobre desilusão enquanto o segundo cantando uma ópera cujo o conteúdo é inacessível para praticamente toda a plateia. Após começar a cantar o Kevin Skinner consegue um efeito maior que eles porque a música escolhida não é apenas o relato de um momento vivido mas uma demonstração do mais puro amor que uma pessoa pode sentir. Kevin está “desenhando” o amor para aquelas pessoas que acabaram de tratá-lo com arrogância e prepotência.

Encantados pela demonstração de amor puro, ficaram catatônicos. Porém o amor acaba inacessível para eles. O comportamento deles demonstra claramente o mecanismo do peer pressure, ou da pressão dos pares. O que os guia não é o amor, mas o desejo de aceitação. Eles riem como uma demonstração do quão absurdo consideram aquele ser diferente visando, com seu deboche, demonstrar a sua superioridade e exigir do diferente que seja como eles.

No entanto este ser comum da plateia é também guiado por esta necessidade de aceitação no grupo. Ele ri porque não pode ser alvo do riso. São tipicamente guiados pela opinião que o próximo tem deles. São aqueles rapazes e moças que se esforçam para demonstrar seu “bom mocismo” através do veganismo, ecologismo ou da suposta defesa das minorias. Kevin Skinner é apenas o alvo fácil; red neck atrasado, provavelmente “cristão”, talvez até mesmo tachado como homofóbico e racista.

Acontece que esta postura é justamente um “respeitosismo” pequeno-burguês. Quando este tipinho da plateia demonstra respeito não o faz porque verdadeiramente respeita mas sim porque o seu grupo costuma respeitar aquele estereótipo que está na sua frente. O mal desta gente é que não sabem mais o que é sinceridade. Suas ações não são suas. São as ações que ele pensa que agradarão seu grupo. E, sem sinceridade, não têm a menos pista do que seja o amor. Por isso as palavras de Kevin Skinner são tão chocantes. Aquilo ali é o amor caindo sobre suas cabeças como um cofre caindo sobre a cabeça de um personagem de desenho animado.

Eu realmente torço muito para que aquela apresentação tenha deixado raízes em alguns corações. O problema é que aquele que não é sincero não é capaz de perceber a sinceridade assim como aquele que não ama não é capaz de perceber o amor. Vários ali terão apenas a experiência estética que será esquecida devido ao fardo que é a luz para os olhos acostumados com a escuridão. Parecerá a eles que aquilo é muito bonito e tal, mas é apenas uma música; não acontece no mundo real porque todos os homens só querem sexo e todas as mulheres querem dinheiro. Há neles algo como uma película impedindo o contato com a realidade. O nome desta película é ideologia.

Que pena meus caros, que pena. Rezemos por suas almas.

Fiquem à vontade se quiserem me adicionar no facebook:

https://www.facebook.com/dpacheco911