Potencial da força estética para governaMentalidades e o modelo tanatopolítico

Jean-Paul Mulders e o historiador Mar Vermeeren realizaram um novo estudo genético que aponta que Adolf Hitler possuía raízes judaicas e africanas. Analisando amostras de saliva, os cientistas confirmaram que definitivamente Hitler estava vinculado a grupos humanos que desprezava. A pesquisa encontrou indícios em um cromossomo nomeado de haplogrupo E1b1b1 que é comum entre sociedades judaicas africanas (marroquinos, argelinos e tunisianos).

Hitler fora rejeitado da Escola de Artes de Viena em 1908, pois suas pinturas foram consideradas convencionais demais: Faltava a ele o necessário para ser visto como gênio, a ousadia e distorção dos quadros que acabariam sendo chamados de Arte Degenerada. Com ajuda do ideólogo Alfred Rosenberg, que explica como o modernismo era judeu e não ariano, as obras modernistas (elitistas, incompreensíveis) passaram contrariar o dever de edificar o povo alemão.

Então há uma estética para dirigir, incitar, manipular, em uma palavra, disciplinar forças para um controle sobre os homens pressupondo o próprio homem como matéria plástica, sem uma forma previamente

dada ou finalizada, tanto em sua experiência individual como em sua forma coletiva ou população. O horizonte inclui, em seu interior, a dilatação das forças humanas, aquisição de saberes, modelação de

atitudes e gestos, fabricação de interditos e criação de prazeres.

A perspectiva não ignora que esse poder que é relação, age por meio de estratégias de dominação. O poder que de partida é um propulsor de recursos que alargam a vida carrega em seu bojo uma nefasta ambiguidade, pois é capaz de promover, também,

seu holocausto.

Espaços onde sua vinculação contraditória com a vida é o exemplar mais

aproximativo da política de nosso tempo para um diálogo mais fecundo sobre o ambiente concentracionário e o contexto da condição humana e a banalidade do mal. Tal movimento, que permitiu visualizarmos a precariedade daqueles que se eximem da tarefa de pensar por

si mesmos em benefício de códigos de conduta pré-estabelecidos, nos abre para a dimensão catastrófica da governamentalidade de nosso tempo.

A problemática que envolve o estado de exceção e o modo como ele se

relaciona com as técnicas de governo contemporâneas, como o avizinhamento denunciado por ele entre democracia e totalitarismo, dá lugar a uma forma de governo contaminada em sua raiz e dissimulada por projeto cuja conseqüência ineliminável tem sido a fabricação em escala ascendente do resíduo mais perturbador do homo sacer (homem sagrado) e sua vida nua. Em vista disso, investiremos analiticamente

em sua representação do modelo político de nossa atualidade como o tanatopolítico.

Na vigência da experiência política atual, um sofisticado modelo de

cuidado com a vida é combinado ao consentimento de seu holocausto. O ‘fazer viver’ é, no paradigma político moderno, a incitação do prolongamento de duração da vida, economia do bem viver, reprodução programada, alimentação melhorada, torneamento do físico até seu estado prescrito, porquanto, seu destino também é alinhado ao tornar lícito o assassínio dos tipos humanos indesejáveis, isto é, o ‘deixar morrer', o menos um do modelo tanatopolítico.

LucianaFranKlin
Enviado por LucianaFranKlin em 04/08/2021
Código do texto: T7313729
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