Trecho de Confissões de Santo Agostinho contra a dualidade

Vi claramente que as coisas corruptíveis são boas. Não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, ou se não fossem boas. Se fossem absolutamente boas, não seriam corruptíveis. E se não fossem boas, nada haveria a corromper. A corrupção de fato é um mal, porém não seria nociva se não diminuísse um bem real.

Portanto, ou a corrupção não é um mal, o que é impossível, ou - e isto é certo - tudo aquilo que se corrompe sofre uma diminuição do bem. Mas privadas de todo o bem, deixariam inteiramente de existir. Se de fato continuassem a existir sem que pudessem corromper-se, seriam melhores, porque permaneceriam incorruptíveis. Mas haverá maior absurdo do que afirmar que as coisas se tornariam melhores perdendo todo o bem?

Portanto, se são privadas de todo o bem, deixarão totalmente de existir. Logo, enquanto existem, são boas. Portanto, todas as coisas, pelo fato de existirem, são boas. E aquele mal, cuja origem eu procurava, não é uma substância. Porque, se fosse, seria um bem. Na verdade, ou seria uma substância incorruptível, e portanto um grande bem; ou seria substância corruptível, e então, se não fosse boa, não poderia se corromper.

Deste modo, vi e me parecei evidente que criaste todas as coisas, e que nada existe que não seja criado por ti. E porque não criaste todas iguais, cada uma em particular existe porque é boa, e tomadas em conjunto são muito boas. De ato, o nosso Deus "criou todas as coisas muito boas" (Gênesis 1,31).

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Santo Agostinho
Enviado por Douglas Costa Pacheco em 18/08/2021
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