Melâncolia e Silêncio.

Olhava com melâncolia para os destroços de objetos que um dia tiveram valor. Valor sentimental ou material. O amigo percebe a dor calada da jovem mulher, mas não via nada confortante que pudesse dizer para melhorar aquela situação. Ou, ao menos, acabar com aquele silêncio que parecia cortá-lo. Lembra-se dos tantos acontecimentos infelizes da vida dela, que diz, sem notar:

_ Isso foi a pior coisa que poderia ter te acontecido.

Ela sorri. Daqueles risos que só se consegue soltar quando está completamente sem esperanças, e diz:

_ Meu nascimento foi a pior coisa que poderia ter me acontecido.

Ele pensa que ela não precisava ter dito aquilo, daquela forma. Fazia-o sentir-se inútil e aquilo doía. E por doer, doía mais, não tinha o direito de sofrer. Não ele.

_ ... acontecido a mim, e ao mundo.

Definitivamente, ela não precisava dizer aquilo. Para ela, causar mais dor, era uma forma de sofrer menos. Por isso, auto-depreciava-se. Ele não estava acostumado com aquilo: auto-depreciação. Incomodava-o.

_ Ao menos, ainda tenho tempo para consertar esse mau.

Ele entendeu o que ela quis dizer. Teve o ímpeto de tentar impedí-la. Ficou no mesmo lugar, sem dizer uma palavra. Sabia o que ela iria fazer. Consegue vê-la caminhando para um direção desconhecida, e assim pôde entedender que uma grande dor só pode ser detida com mais sofrimento.