Narciso demônio

demônios parte#

Você vem sempre aqui? Sempre. Adoro esse lugar. É quase um universo particular. Gosto de escapar para esse universo. Entendo. E de quem escapamos? Demônios. Escudeiros. Traiçoeiros. Podemos oferecer um café para eles? Acabei de fazer isso. Eles andam desolados. Os cafés são virtuais. As estantes estão virtuais. Virtualidades. Virtudes modernas. Há como desapontá-los? Os demônios não ficam de lado. É melhor mantê-los ao lado. Sem domesticá-los. São demônios. Não há domesticação. Domenicação. Eles se comunicam no silêncio. Oram no barulho. Amam a imperfeição. Amam os imperfeitos. Amém. Fazem filhos pelas costas. Filhos monstruosos. Aberrações. Filhos dos demônios. Rebentos de uma imaculada concepção. Os demônios enrabam o método. Enrabadas à parte, brutalmente honestos. Mostram todas as faces. Enrabadas certeiras. Rasgam a carne viva. Sangram a ferida. Monstruosidades dos imperfeitos. Narciso não gosta da imperfeição. Narciso é um monstro. Não suporta olhar defeito. Afogado em si. Quer ver outro se afogando também. Muitos quereres.

Severo Garcia e Cris Damiani
Enviado por Severo Garcia em 26/11/2021
Código do texto: T7394210
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