Vontade na garganta

só parte#

Primeiramente gritar. Até perder a voz. Depois, chorar. Ao ponto de cansar. Terceiro falar. Falar. Falar. Falar. Falar. Até nunca mais precisar gritar. Não explico ao mundo quem sou. Só acontece aquilo que permito que aconteça. O resto é um caldo de cana no sol. Tenho vontades presas na garganta. O fundo tem um pouco de tudo. De todos. Uma mãe sonífera. Um pai violento. Um irmão violento. Uma amiga mentirada. Tenho medo de ouvir o aquilo (it) que há dentro no fundo. Demônios querem sair. Sexos querem fugir. No fundo há algum tempo engano fingindo. Engano todo tempo para enganar em mim. Indefectível. Felicidade abafada. Grito na corrida. No ocorrido. Não guardo arrependimentos tardios. Sou uma vida após os limites da felicidade abafada. Temporária. Insuperficial. Não sou uma doença terminal. Sou um sinal. Mal contato. Nem tão ruim. Nem tão fácil.

Severo Garcia
Enviado por Severo Garcia em 29/11/2021
Reeditado em 29/11/2021
Código do texto: T7396629
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