Sobre certas interrupções de diálogo

Este é apenas um ensaio curto sobre algo que notei em alguns livros: a forma de expressão dos personagens. Parece que eles não sofrem das claras limitações humanas que nós carregamos aqui, na realidade. No mundo da ficção, há pouquíssimos lapsos de memória, ou falhas de comunicação. Não irei dizer que isto é regra, pois não li tantos livros assim. Mas nos que eu li, sinto falta do “o que?”, do “não entendi”, e do “deixa ver se eu lembro…”

Creio que nós, como autores, deveríamos prestar maior atenção nestas interrupções dos fluxos de diálogo, que são tão comuns na vida real; mas que não possuem a representatividade que merecem, nos contos e romances. Pode ser uma impressão exclusivamente minha; reconheço esta possibilidade. Mas acho que há um espaço para explorarmos os nossos limites linguísticos na ficção; o qual não estamos aproveitando atualmente. Vamos deixar nossos personagens falarem um pouco mais rápido que o normal, tropeçarem nas palavras, e construí-los com ouvidos menos apurados que os de costume!

Texto publicado em fernandosaliterze.wordpress.com

Fernando Saliterze
Enviado por Fernando Saliterze em 24/01/2022
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