Viver de Arte...

A arte moldou o mundo que temos hoje, desde as grandes nações até os mais inacessíveis povoados. As revoluções foram “pintadas” pela arte. Os grandes líderes, no decorrer da história, reverenciaram em algum momento a arte. Os grandes pensadores têm relação direta com arte.

Arte talvez seja o sangue que corre nas veias da humanidade enquanto processo evolutivo e de sobrevivência.

Entendo arte como um todo, desde a acepção literária até as simples ideias, passando pelas coisas exatas como a matemática, sempre levando em conta a sensibilidade do ser humano.

Numa pintura poderia dizer que ela (a arte) faz parte das tintas, do pincel e da tela. Ela é algo que agrega e transforma a humanidade.

Em uma peça a ser esculpida ela é cinzel e madeira. Um não sobrevive sem o outro, mesmo que permaneça em estado de latência por séculos, ela está ali, transformando.

As revoluções na Europa tiveram a grande influência pela arte; talvez nem tivessem acontecido sem ela. Aqui a Semana de 22, fez brotar as coisas nossas, mesmo muitos anos depois, e continuamos crescendo e frutificando à sombra dela.

Vejo a arte andando de mãos dadas com a educação, em todos os tempos, em todos os lugares.

Filosofia, astronomia, sociologia, matemática, religião, todas, tudo se relaciona, se complementa, se molda, ou tem dela algum componente ou influência.

Assim para tudo isso se fundir e ser propagado é essencial um ser, o humano.

Compondo, pintando, esculpindo, observando, cantando, ensinando, sendo exemplo, é assim que o ser humano trata da sua evolução utilizando a arte.

Então chego à conclusão da importância da educação para a arte. É através dela que eficazmente trabalhamos a sensibilidade da percepção nas pessoas. Claro, existem dons, autodidatas, que são talvez os principais precursores. Porém o “todo” é atingido quando nos valemos do processo educacional, em qualquer modelo de circunstância.

Olho assim para o meu Brasil e vejo a arte sobrevivendo em meio a fome e queimadas, teimando em resistir neste solo árido e insalubre. Mas tenho a crença que ela persiste na educação, nos talentos e nos bons exemplos.

A tristeza como vejo ela sendo tratada, é a mesma decepção que tenho, em relação a como o processo educacional é levado a cabo no nosso País.

A desvalorização dos processos, seus atores e cenário é muito preocupante. Sinto que perdemos terreno nos últimos anos e que levaremos talvez uma geração para retornarmos ao ponto que estávamos. Mas assim caminha a humanidade, nada é fácil, algumas coisas são previsíveis, outras serão trabalhadas no caminhar.

Respondendo agora a este questionamento fantástico que o Donizete fez me atrevo a dizer que nos falta o processo educativo para criar a sensibilidade à arte. Com certeza não é este o único ponto. Existe um mundo de possibilidades, respostas e combinações.

Olhem a história de cada um de nós e reflitam, em que ponto da vida a arte cruzou e porque circunstâncias ela ficou e vingou. Pensem se a “educação” não conspirou de alguma forma.

Essa pode ser uma ótima resenha para futuras conversas.

Acho que pelo passar dos tempos sempre foi difícil viver de arte e para a arte. Acabamos focando nos grandes exemplos, mas para cada Da Vinci houveram milhares que tentaram e não vingaram. No entanto o esforço dos milhares, no seu dia-a-dia, talvez tenha sido mais importante para o contexto da arte do que as obras do Leonardo.

Hoje, como modelo de negócio, os tentáculos do turismo podem propiciar uma bela combinação de resultados. Vejam o exemplo dos pólos de artesanato combinados com destinos turísticos. E atualmente a grande tendência do turismo de experiência.

A profissionalização do processo de comercialização é importante, assim como a rede de relacionamentos e a interação com outros nichos e segmentos.

Tem gente que vende hambúrguer com arte e porque a gente não pode fazer o caminho na outra direção?

Mas realmente é muito difícil. Faltam oportunidades de aprendizado e inserção profissional.

Mas tenho fé nos trabalhos que vejo se desenvolverem. Acredito no exemplo, nas boas iniciativas. É deleite ver e saber daqueles que ensinam arte. Conhecimento só é conhecimento quando é compartilhado e produz discernimento.

Arte também se ensina, se desperta, se aprimora, se mistura, se vive...

Texto/ensaio reflexivo, originado no grupo de artistas, que desenvolve ações no sentido de consolidar o Catálogo da Arte Brasileira - Sistema on-line de catalogação histórico-cultural da Arte Brasileira. Trabalho idealizado e capitaneado pelo artista plástico Donizete Almeida.

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