Vida distópica de um sonho real

A música tocava no rádio do carro e o seu corpo bailava junto enquanto olhava a pista livre, sorrindo de volta para casa e ninguém registrou e nem ele lembrava a quantos km/h estava. Uma linda paisagem verde dividida pela linha do horizonte que não tinham olhos para ver o fim. Mas de repente ele começou a perder a visão, a pista escureceu, o horizonte se apagou e sua vida se tornou um grande sonho. Um sonho que tirou o sonho dele chegar em casa. Nem ele sabia mais onde estava, o sonho não o levara para casa. Mas estava bem, não tinha dores, não tinha fome e lá enxergava novamente, tons suaves, flores e rios flutuantes, arvores que cantavam e pedras que se moviam, borboletas que usavam casacos para se aquecer do frio e elefantes que conversavam e as coisas pareciam estar em câmera lenta, a vida parecia mais devagar os olhos soltavam para dentro da natureza das coisas como se pudesse ver além do que parece ser.

O desejo de chegar em casa ainda era forte, mas no meio de toda aquele ambiente desconhecido, de uma realidade que até então surrealista parecia a cada instante mais real, mais palpável. Talvez ele tivesse atravessado um portal e nem ao menos percebeu essa transição que tomou conta de sua forma, dos seus sentidos, da vida e dos seres com suas novas funções e habilidades.

Ele que estava acostumado com os seus estudos e trabalho, de sua rotina de um disco repetido, das ruas que não mudavam, dos sons que não escutava, das pessoas invisíveis que cruzavam por ele nos arranha céus, do cheiro de gordura queimada nas ruas sem saídas e apenas preocupado com as dobras de sua manga longa e o tempo que parecia curto para terminar o dia com as atividades sem muitos sentidos.

E naquele novo ambiente de coisas estranhas, e brilhantes e que tudo parecia ir bem, ele teve uma ideia de ir dormir sobre um ramo de gramíneas que emitiam luzes como uma arvore natalina para puder despertar novamente e quem sabe encontrar seus familiares e amigos. Logo ele dormiu, o tempo passou, outros sonhos vieram, até que ele se viu numa maca de hospital sem os movimentos do corpo, cheio de fios e barulhos de bipes com vozes familiares ao fundo, mas desconhecidas até então, de certa forma aquilo o deixava aconchegado. Até que ele abriu os olhos e viu pinguins e rosas chorando enquanto olhavam para ele criando nascentes e belas poesias. E naquele momento alguém se aproximou dele mas tão próximo que pode escutar a respiração ofegante no seu ouvido, as mãos geladas, dedos finos e macios com a leveza de uma bruma e disse.

– Não sei se é tarde demais, nem sei se estas mais aqui, mas eu te amo e te amarei como nos sonhos que a gente nunca deixou de ter …

EdCsilva
Enviado por EdCsilva em 01/08/2022
Reeditado em 01/08/2022
Código do texto: T7572440
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