Horrível, mas de outra forma...

Com a escalada da Rússia da Ucrânia e a fragmentação da ordem global em polos cada vez mais distantes e hostis uns aos outros, a possibilidade do uso de «Armas de destruição em massa» parece cada vez mais só uma questão de tempo e de um estopim que pode ser deliberado ou mesmo acidental.

Por isso resolvi compartilhar esse texto que achei bastante interessante.

(Horrível, mas de outra forma - Leandro Cardoso Bellato)

A lenda diz que uma guerra nuclear é capaz de destruir o planeta ou varrer a vida na Terra. Quando moderada, a lenda diz do Finnbull nuclear, do inverno radioativo. Tal qual toda lenda, não é verdade.

A estrutura do planeta sequer sofreria qualquer alteração perceptível se detonássemos concomitantemente milhões de vezes todo o nosso arsenal.

A vida no planeta, como um todo, também não seria sequer remotamente ameaçada. E o inverno nuclear muito provavelmente não é possível.

Hiroshima e Nagasaki são cidades comuns, atualmente, e há décadas simplesmente se vive por lá. A maioria dos locais nos quais dezenas ou centenas de detonações de teste ocorreram pode receber visitas sem sequer precisar do uso de EPI.

Uma detonação nuclear não é brincadeira, no entanto. As ogivas usadas no Japão são “biribinhas” perto das ogivas às quais se tem acesso atualmente.

Basicamente, a destruição local garante a aniquilação da população inclusa no raio de ação da detonação, bem como a destruição completa de toda a infraestrutura nos arredores. E uns aninhos, embora não muitos, de zona de exclusão radioativa.

O horror de uma detonação nuclear é vaporizar instantaneamente dezenas de milhões de pessoas numa metrópole, e inutilizar a maior parte da infraestrutura nos arredores. É um caos que destrói as sociedades em escala local.

O horror de uma guerra nuclear é que em poucas semanas, todas as maiores metrópoles do mundo e as principais instalações de produção e distribuição de energia serão aniquilados.

Seria profundo caos em escala global, e rapidamente tudo que damos por garantido desapareceria: comunicação, energia, água, esgoto, comida, remédios, hospitais...

A vida na Terra prosseguiria. A humanidade, embora combalida, prosseguiria. As sociedades atuais, não. Seria um colapso das civilizações em escala jamais vista. Décadas de violência, caos, morte, epidemias, crises famélicas em escala global.

Este é o horror subsequente a uma guerra nuclear em escala global.

Nas imagens, um trecho do deserto em Nevada: centenas de detonações nucleares ocorreram ali ao longo de 30 anos, e até expuseram o núcleo ativo de reator só pra ver o que aconteceria. Dá pra visitar o local, e sem tomar muitas precauções.

Leandro Cardoso Bellato
Enviado por Leonardo S Fernandes em 29/09/2022
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