SANTO MUNDANO

Apesar de ter em mim os melhores sentimentos do mundo, de ajudar o próximo, de orar pela vida do meu irmão e de trazer arraigada a mim a premissa de que ser o mais correto e justo é a essência da minha alma, também permiti-me provar os pecados da vida e, talvez muitos deles não permitam clemência e segundas chances ou opção de remissão. Tudo foi escolha e, apesar dos erros, cultivei aqui um coração bondoso e altruísta.

Não há desejo em mim de que me olhem com sentimentos de piedade, pois sou o deus das minhas escolhas -certas ou erradas- e sempre tive plena consciência de onde poderiam me levar.

Elas, por incontáveis vezes, me guiaram amistosamente ao fundo do poço e, como se não fosse o bastante, ainda me soterraram com cobertor de lama e pedras para poder coroar minha humilde desgraça.

Sigo apaixonado por essa antítese que inunda meu ser. Gosto de ser o fruto híbrido do caos e calmaria, de ser o equilíbrio que habita os extremos das mais belas virtudes e dos pecados capitais.