Eterno
Se não andamos com a morte, nos sentimos, sim, perenes.
Não há quem nos convença do contrário.
O planejar, o programar e a esperança no porvir denuncia nossa certeza de que somos, sim, eternos.
Alguns estão apegados à racionalidade e enxergam o futuro como uma probabilidade maior, outros empurram com a barriga, mas não gostamos da ideia de viver para morrer.
Acreditar que podemos ir amanhã torna isso aqui depressivo demais, outros adiantam a partida num ato ambíguo de coragem e/ou covardia.
Ninguém quer comprar o próprio caixão, nosso sentido é o eterno, não nos felicitamos com a partida.
Sentimos sede de vida e enchemos os bolsos daqueles que prometem prolongá-la.
Nós queremos mais, nos apaixonamos por isso aqui, nosso maior medo talvez não seja o inferno, seja deixar de existir.