ESTUDOS MAÇÔNICOS- PARCEIROS DO CRIADOR

A ENERGIA DO CRIADOR DEVE CIRCULAR ENTRE AS PESSOAS; QUEM A RETÉM, SUJEITA O MUNDO À ESCURIDÃO.

 

 A Alma e o DNA

 

TEMPO e espaço eram realidades que não existiam antes do Big Bang. Eles nasceram da grande explosão luminosa que deu origem ao universo. Na energia que se espalhou pelo vácuo cósmico estavam as sementes de todas as coisas que existem no mundo. Desde o mais ínfimo grão de poeira até as nossas Almas. Elas são o centro energético das nossas vidas, a bateria que alimenta a nossa existência. Alma é a centelha de energia que saiu do Centro Único de Potência concentrada e que, depois de múltiplas interações alojou-se em um organismo humano para cumprir a etapa final da sua transformação. Por isso a Kabbalah vê o ser humano como um polo da relação Desejo de Compartilhar (Deus) – Desejo de Receber (o universo). Destarte, todo ser humano que recebe a Luz, ou seja, uma Alma encarnada- não pode se negar a compartilhá-la, pois ao fazê-lo não só obstrui a passagem da Energia criadora, como também acaba destruindo a si mesmo pelo acúmulo dela em si próprio.

A Alma pode ser comparada a um pontinho minúsculo de Luz gerada por uma célula energética que recebe corrente diretamente da Luz Infinita do Criador. A partir dessa pequenina célula energética toda a nossa estrutura física e espiritual se desenvolve. O chamado DNA – (ácido desoxirribonucleico) – é uma estrutura celular que armazena todas as informações genéticas de um indivíduo. Ela pode ser considerada uma espécie de correspondente físico da Alma, que é uma entidade espiritual.

O DNA é uma nano máquina que contém um programa avançadíssimo, que nenhum cientista da informática conseguiu reproduzir até hoje, Nele está contido toda a programação que orienta a vida do organismo. Assim, se podemos falar em algo que contém, pelo menos em parte – a parte orgânica –, traços do nosso destino, é o DNA.

Como o DNA se formou ainda é um mistério para a ciência. E como ele se reproduz a fim de repetir, em cada célula, as suas propriedades é algo maravilhoso, que ainda está longe de ser explicado. Por isso, quem insiste em ver na natureza apenas um jogo onde o acaso é quem administra as possibilidades, talvez precise olhar um pouco para dentro de si mesmo para ver o universo que ele mesmo é.

 

A relatividade e o quanta

 

A revolução científica proporcionada pelas descobertas da física quântica é expressada pelas teorias dos quanta e da relatividade. Elas mudaram o conhecimento que tínhamos do universo. Nos cem anos antes de Einstein propor a teoria da relatividade, a grande maioria dos cientistas adotavam uma visão extremamente materialista do universo. Para eles tudo era regido por leis naturais. E a despeito das experiências diárias feitas por pessoas de sensibilidade extraordinária– como os praticantes do espiritismo, por exemplo- que contradiziam o senso comum, a mente científica se manteve irredutível na sua visão.

A teoria da relatividade colocou esses cientistas em dificuldades. Pois com a prova, dada pelas pesquisas de Einstein e depois os que o seguiram no mesmo caminho, ficou patente que um novo paradigma deveria ser incluído na nossa noção de realidade: a consciência humana. Depois, com as descobertas da física quântica ficou ainda mais difícil excluir a parte sutil do ser humano, ou seja, a sua consciência, ou seu espírito, como querem os espiritualistas, do processo de construção do universo. Leis naturais existem sim e elas conformam os acontecimentos no universo físico. Mas depois que o homem adquiriu a capacidade de refletir, o destino e a conformação do universo não podem mais excluí-lo desse processo.

O que a teoria dos quantas mudou a visão que tínhamos do universo está patente na nossa vida diária. Ela nos possibilitou aplicações práticas que alteraram profundamente o rumo da evolução humana. Aparelhos como smartfones, computadores pessoais, MRis, Gps, drones, satélites, viagens espaciais, por exemplo, são artefatos que só se tornaram possíveis graças à física quãntica.

E se quisermos continuar a ser positivistas, sem admitir que existe algo mais além da realidade que podemos detectar com nossos sentidos, teremos que aceitar que a teoria dos quantas vai contra o senso comum e é um grande desafio para a nossa mente lógica. Como diz o físico Richard Feynman, “ninguém entende realmente a mecânica quântica. De um ponto de vista comum, ela mostra uma natureza absurda.”[1]

 

Mudança de estado

 

Uma das revoluções que a física quântica também está provocando é no conhecimento que tínhamos a respeito da energia. Até as experiências conduzidas por Niels Bohr, não se tinha percepção de quanto a consciência humana pode interferir na realidade objetiva do mundo. O experimento de Bohr nos mostra que a percepção que temos da realidade é tão ilusória quanto a própria imaginação que temos dele. Quer dizer: nós não podemos provar a existência objetiva do mundo em que vivemos, da mesma forma que não podemos provar a existência de um mundo espiritual. Isso se dá pelo fato de que o universo é resultado da aplicação da energia, e a energia, como sabemos, tem propriedades tão bizarras, que fogem ao nosso entendimento.

Uma delas é a ubiquidade. Um elétron pode estar em dois lugares ao mesmo tempo e pode estar em lugar algum. Isso ocorre em consequência de um princípio chamado  “Princípio da Incerteza”, formulado pelo físico Werner Heisenberg, em 1927. Esse enunciado estabelece que não como determinar com precisão qual a posição, no espaço,  que uma partícula de energia estará no momento seguinte de uma observação, porque a própria observação interfere na sua trajetória. Isso significa que, em nível quântico, simultaneamente, quanto menor for a incerteza na medida da posição de uma partícula, maior será a incerteza do seu momento linear e vice-versa. [2]

Isso significa simplesmente que o observador interfere no objeto observado, gerando uma incerteza quanto à sua própria realidade objetiva. É a mente humana construindo o mundo, confirmando a hipótese cabalística e maçônica, segundo a qual, nós somos os construtores do universo, nele participando na condição de “pedreiros“,

  Outro cientista, Erwin Rudolf Josef Alexander Schroedinger, famoso físico austríaco, mostrou como isso é possível dentro da mecânica quântica com o seu conhecido experimento do gato.

Nesse experimento ele imagina um gato dentro de uma caixa fechada. Dentro da caixa é colocado um frasco contendo um gás venenoso que pode ou não emitir partículas alfa no decorrer de um determinado tempo; dentro da caixa há também um dispositivo composto de um martelo e um detector de radiação. Se o detector registrar a presença de pelo menos uma partícula alfa, o martelo é acionado, quebra o frasco, libera o gás venenoso e o gato morre.

O frasco pode ou não liberar as partículas radioativas nesse período considerado. Existe 50% de chance de que isso aconteça e 50% de chance de que não aconteça. Se ele não libera a partícula, o gato não morre, ou seja, o resultado será “gato vivo”. Mas se o veneno é liberado, o resultado do experimento será “gato moto”.

Para a física clássica basta abrir a caixa para ver se o gato está morto ou vivo. Mas para a física quântica o resultado não é tão simples assim. O gato pode estar morto e vivo ao mesmo tempo, pois no mundo quântico a matéria apresenta dupla função ondulatória, o que resulta em um duplo estado de ser, que pode se apresentar superpostos um no outro.

Pelo Princípio de Heisenberg, se abrirmos a caixa para ver o estado do gato veremos o que a nossa mente quer ver: um gato morto ou um gato vivo, pois quando observamos a matéria no seu estado quântico nós interferimos no comportamento dela.[3]

 

De onde vem a energia do mundo?

 

O que queremos dizer com isso é que a energia física que precisamos para realizar as nossas ações no mundo físico, com competência, vem do campo espiritual. Esse postulado tem confirmação nas descobertas da física quântica, através de estudos realizados em laboratório. As teorias da relatividade e dos quanta mudaram o entendimento que tínhamos do universo e do próprio funcionamento do nosso cérebro. Sabemos hoje que há uma dimensão não detectada pela nossa consciência – e por enquanto nem pelos modernos aparelhos científicos existentes nos laboratórios - de onde a energia que constitui a matéria universal emerge.

Esse conhecimento derrubou a antiga visão materialista que via o universo como uma máquina. Embora taumaturgos, pensadores e pessoas com graus de sensibilidade excepcionais dissessem que havia muito mais coisas na natureza do que a nossa mente cotidiana podia perceber, a opção pelo positivismo sempre prevaleceu entre os cientistas. Mas com a introdução da teoria da relatividade e dos quanta nos laboratórios de pesquisa científica, os estudiosos se viram frente a um novo paradigma que modificou a visão que eles tinham sobre o comportamento do universo e do nosso próprio cérebro.

Agora, com esses novos conhecimentos, não podemos mais isolar esse comportamento da sua relação com a consciência humana. Quer dizer, o universo não é uma máquina que funciona por si mesma, obedecendo apenas a leis naturais. A consciência humana interfere nesse relacionamento, como provam os experimentos acima referidos, que mostram como o estado de uma partícula de energia muda pelo simples fato de estar sendo observada.

A importância dessa descoberta é o fato de que ela consegue prever o comportamento de objetos físicos através do movimento dos átomos que os compõem. De um ponto de vista prático ela possibilitou a produção de diversos produtos que mudaram a face da nossa sociedade e criaram uma nova cultura. Objetos como computadores, smartfones, MRIs, GPS, como já referido, são alguns artefatos de uso diário que se relacionam com a teoria dos quanta. Assim, por mais estranha que ela apareça aos nossos olhos, e por mais positivista que queiramos ser, não podemos mais sustentar que não existe no universo mais que matéria bruta e simples leis naturais que regem o seu comportamento.

O fato de a consciência humana poder interferir no comportamento do objeto observado significa que a relação entre o que pensamos e o que vemos é uma via de mão dupla. Isso quer dizer que a realidade influencia a imaginação e a imaginação influencia a realidade. Nós construímos o mundo externo com os frutos da nossa imaginação e o nosso mundo interno se modifica na mesma proporção em que o externo vai sendo construído. A mente desvirtua o que os olhos veem e os olhos, muitas vezes, enganam a mente. Por isso a realidade nos parece inconsistente e a verdade é muito difícil de ser provada.

As experiências científicas feitas com a observação do comportamento de um elétron mostram que ele só tem uma existência real depois que é detectado pela consciência humana. É paradoxal, mas é verdadeiro. Isso significa que se não houver um observador para detectar a sua existência, ele simplesmente não existe no mundo real.

Esse paradoxo é chamado pelos cientistas do átomo pelo nome de “superposição quântica”. A questão é: Como criamos, com a nossa consciência uma realidade física? A maioria dos físicos que estudam esse fenômeno dizem que o que faz um objeto tornar-se real é a consciência do observador expressando o seu livre arbítrio, ou seja, a sua liberdade de criar. O pesquisador Jonh Weeler, um dos mais importantes físicos teóricos da atualidade, diz que “o universo sem a consciência do observador é igual a um motor sem força de propulsão.

 

Vontade e representação

 

Assim, a consciência do observador é essencial para a existência do objeto. Essa informação, que agora a física quântica comprova, nos remete às intuições de filósofos como Platão, com seu famoso Mito da Caverna e ao filósofo alemão Schopenhauer, que dizia ser o mundo real uma questão de vontade e representação.

No Mito da Caverna, Platão se refere à metáfora contada por Sócrates sobre um grupo de pessoas acorrentadas a vida toda em uma caverna. Elas só conseguiam ver as sombras do mundo exterior, que eram projetadas na parede pela luz de uma fogueira. Um dos prisioneiros consegue escapar e foge da caverna. Ao ver o que havia fora dela ele percebe que o mundo era bem diferente daquele que as sombras da fogueira projetavam. Ele se liberta do seu mundo de sombras, mas ao tentar convencer os outros prisioneiros de que o mundo era bem diferente daquele que eles viam, ele é tomado por louco.

Já Schopenhauer sustenta que nós construímos o mundo através da nossa vontade de ser e da imaginação que acompanha essa vontade. É uma visão pessimista da realidade, uma vez que o irascível pensador alemão vê a vida como uma jornada de sofrimento que os nossos desejos criam, e do qual só podemos nos livrar através de um desapego aos bens materiais. Ou como ele mesmo expressa em sua obra mais conhecida: “por mais maciço e imenso que seja este mundo, sua existência depende, em qualquer momento, apenas de um fio delgadíssimo: a consciência em que ele aparece.”

O que essas experiências psíquicas, apresentadas por esses pensadores nos ensinam? Simplesmente que a realidade que vivemos é, em sua maior parte, uma interpretação muito pessoal que fazemos do mundo em que vivemos e que ela é, fundamentalmente, um produto da nossa mente. [4]

Á luz desse conceito, e somando a experiência que a física quântica nos revela, podemos concluir que a realidade existe somente na presença do homem, como resultado da observação que ele faz dela, e ela tem a medida exata do que ele observa. Isso nos remete também ao velho axioma sofista que afirma que o homem é a medida de todas as coisas.[5]

Isso é o que distingue o homem das demais organismos vivos e objetos inanimados que o cercam, ou seja, o seu livre arbítrio. E que este se mede pela sua liberdade de escolha. Como diz a menina Alice na sua aventura pelo País das Maravilhas:

“Imaginar coisas impossíveis é um excelente exercício para a imaginação. E acreditar que coisas impossíveis podem acontecer é um exercício melhor ainda. Que tal imaginar seis coisas impossíveis antes do café da manhã?”

 

Parceiros do Criador

 

Podemos agora dizer que o Big Bang foi a transformação da energia espiritual oriunda do Criador, em objetos físicos. E entender o que dizem os mestres cabalistas quando falam que o Desejo de Receber do recipiente (o universo), só pode funcionar em consonância com o seu Desejo de Compartilhar. Quando esse compartilhamento não ocorre, é como se a Luz que vem do Criador ficasse presa no recipiente, sem meios de circular.

É a essa condição que as intuições dos místicos de todos os tempos, e das religiões que se estabeleceram no mundo chamam de “prisão da matéria”, ou seja, a conexão da Alma com a Luz Infinita do Criador sendo obstruída por falta de circulação.

Por outro lado, o fato de nós “criarmos” a realidade nos faz parceiros do Criador. Isso significa que nós não somos como bonecos manipulados por uma Vontade exterior, que traça os nossos destinos antes mesmo de nós nascermos.

Nada está escrito de antemão. Se fosse assim, não haveria livre arbítrio, porque fosse qual fosse a escolha que fizéssemos, o resultado, no fim seria o mesmo. Nós é que escrevemos a nossa história e traçamos o nosso destino com as escolhas que fazemos.

É como diz o Mestre Shimon Ben Yochai:”Já não tempo de temer o Senhor, mas de amá-lo”. E Jesus completa: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas.”

O Reino de Deus é a Luz Infinita do Criador. Quem nela se envolve tem todas as possibilidades de escolha que o universo pode oferecer à sua disposição. Isso não significa que vai fazer a escolha certa, mas quem tem um número maior de escolhas para fazer tem mais possibilidades de acertar do que quem tem apenas umas poucas.

Uma ideia fundamental no ensinamento da Maçonaria, como dissemos, é a de que Deus é o Grande Arquiteto do Universo e nós somos os seus pedreiros. Ele projeta o edifício cósmico e nós o construímos com as nossas ações. A nossa parceria com o Criador foi assinada no dia em que Ele manifestou o seu Desejo de Compartilhar a sua Energia e nos fez recipientes com Desejo de Recebê-la.

Ele nos pôs no mundo para receber a sua Luz e compartilhá-la com o restante do universo e todas as suas criaturas numa relação de troca simbiótica. E assim, um dia, todo o universo será inundado pela Luz do Criador. E nesse dia o edifício cósmico será concluído.

E daí teremos um novo começo. Por isso a Kabbalah sustenta que o nosso universo não é o primeiro, nem será o último a ser criado pela Energia emanada do Criador. E, como vimos, essa ideia encontra sustentação na moderna ciência física e astronômica que suspeita da existência de universos paralelos ao nosso, de onde viria, inclusive a energia que sustenta o nosso.

 

Co responsabilidade

 

O problema com esse pensamento é que, ao nos fazer parceiros do Criador, ele também nos coloca uma enorme responsabilidade nas costas. Isso quer dizer que todas as virtudes que o universo possui tem o nosso carimbo e todos os defeitos também. Somos responsáveis pelo bem que nele existe e pelo mal que ele hospeda.

Isso significa que as nossas más ações causam sofrimento não só para nós, mas para o universo inteiro. Voltando à visão do pedreiro construindo um edifício, um tijolo que ele assente no lugar errado pode fazer ruir o edifício inteiro. A construção de um edifício tem regras que precisam ser cumpridas. Regras de estrutura, de ambiente, de segurança, de paisagismo etc. A mínima violação de uma delas pode trazer consequências fatais para a obra inteira.

No mundo espiritual também é assim. Quando tudo fazemos para satisfazer apenas a nós mesmos – o nosso Desejo de Receber- a nossa alma se desconecta da Luz do Criador. E nós somos como o próprio edifício cósmico, pois estamos sendo construídos pelo mesmo processo, com o mesmo tipo de Energia que dá vida ao universo.

Destarte, se conseguirmos acreditar que nossas almas são centelhas de Luz oriundas da manifestação do Criador em seu Desejo de Compartilhar, então poderemos crer, realmente, que somos parceiros Dele na obra de construção do edifício cósmico. Porque é através de nós que sua Energia flui se consolidada em obras. 

Esse é o grande segredo do ensinamento maçônico.

(Do livro "CONTEMPLANDO A ESTRÊLA FLAMÉJANTE)- NO PRELO

 


[1] Você é o Universo, citado, pg. 84

[2] Na imagem, o físico Werner Heisenberg

[3] Na imagem, “O Gato de Schroedinger”- fonte Wikipédia Fundation.

[4] Sobre esse tema ver a República- Platão, Ed. Lebooks, 2019 e Schopenhauer- O Mundo como Vontade e como Representação.  São Paulo: Unesp, 2005.

[5] Frase atribuída ao filósofo grego Protágoras