Engrenagens
Trago horas e sopro minutos
Eu tento o Bem e enchergam o Mal ou pior
Quando digo a verdade ouvem mentiras
Interpretação é realmente pra poucos, o que vejo está deturpado, e no mínimo
Digerido e vomitado
O absurdo. O luxo e o lixo tênuemente paralelos
O precipício, cannyon vazio e o poço cristalino, verde de tão transparente, translúcido
Alucinógeno
Samsara nauseante às 5:00 da madrugada prolongada até o Nirvana das 8 e tal
Revezando abstinência e recaída e ascensão e tudo isso separado por longos tragos de segundos, soprando horas
Que horas?
Já passou, mas falta pouco agora, algo sempre acontece nesse meio tempo
O microcosmos dos veículos coletivos me distraem
Amigos descartáveis, flertes secretos e silenciosos
O kama-sutra e suas variantes num olhar apenas, numa fração
E na próxima estação, sempre há algo inédito
Imerso, podia sentir a benzedrina nas veias dele encharcando as páginas
Minhas pernas inquietas numa espécie de Parkinson, meus olhos de scanner
Centenas de letras por segundo e minha periférica notava o olhar curioso da moça ao lado
E quando vejo eu tenho que correr de novo e saltar à tempo
De ver o cobrador me dar um tchau,
Então me sento, saco um Lucky e acendo e penso sobre tudo isso que transborda dessas folhinhas de rascunho
Caprichosamente fatiadas e posicionadas sobre minha mesa pra não me deixar esquecer que sou uma pecinha que se movimenta débilmente sobre um tabuleiro
E que se não ficar atento, surge outra peça talvez mais estúpida e me chuta pra fora desse jogo de merda e eu,
Eu acho engraçado, porque
Acabou o papel e tem muita coisa a ser observada do lado de fora da janela.
Ou não.
Boa noite.
13/12/07.