Feiticeira Lua

Séculos atrás, alguém sonhou... ansiava a lua abraçar. Ele era nostálgico, feito uma casa velha de madeira, solitária no campo. Uma beleza rara, porém, triste. Abrupta vida, nem sempre lhe sorria. No entanto, a beleza estonteante da dama branca, reluzente todas as noites, o convidava. Um convite silencioso, genuíno, entretanto, traiçoeiro. Ele mal sabia. Nem tudo que reluz é ouro, já diziam. Infelizmente, nem sempre há a possibilidade de ser abarcado pela concretização do desejo. Às vezes, requer suor. Outras, sangue.

Ela hipnotiza, era difícil racionar perante àquela majestosa senhorita. “Nossos encontros são na Via-Láctea”, mas não trajados de materialidade, talvez astral. Era difícil fazer o cérebro perceber. Naquela noite ela pairava mais magnânima que tudo, mais perfeita, mais sorridente que nunca. E então, embebido em uma névoa de adoração, ele adentrou o mar para a sua bela encontrar e, com um doce abraço, a saudar. Li Po, com toda sua grandeza, na busca pela lua, no fundo do mar foi morar. Pobre Li Po, quem sabe algum tubarão tenha o feito como refeição, enquanto ela, ah, ela continua, todas as noites, a enfeitiçar.

P.S.: Li Po era um grande poeta chinês, que, contam, ter morrido afogado tentando abraçar a lua.

By Mia D. P.

Mia Delphine Peregrine
Enviado por Lemos ACR em 18/05/2023
Código do texto: T7791345
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