Como entender o idoso.

Existe o processo de envelhecimento natural, chamado de senescência, e o processo de envelhecimento patológico, conhecido como senilidade.

Em ambos, existem acontecimentos nos quais há simetrias e assimetrias

Para nós, seres humanos, é difícil, encarar a possibilidade da morte, (a nossa)para esse assunto talvez jamais estejamos suficientemente fortes. E quando se é idoso, é praticamente impossível não se ter um contato diário,(para a maior parte, um verdadeiro calvário) com essa única certeza da vida. As perdas se acumulam, em cada fase, a cada vez que os dias se escondem dentro da noite, para descansar dos açoites.

Quando se é jovem, não se tem medo de sonhar e desejar, tudo o que é possível de ser feito, preferencialmente com um nobre jeito. Há uma febre, uma natural voracidade pela vida, seus prazeres, quase não se presta atenção às suas lidas, a menos que ocorra uma tragédia, não entramos em contato com nada relativo à morte,só celebramos o riso fácil das comédias, só temos espaço para a boa sorte.

Escreveu Schopenhauer: "A serenidade e a vitalidade da nossa juventude baseiam-se em parte no fato de que nós, ao subirmos a montanha, não vermos a morte, pois ela encontra-se do outro lado da encosta."

Viver é em grande medida, não perceber essa equação, que ao final, pode ser bastante dolorida.

Idosos, precisam sobretudo de afeto em seus dias, pois enfrentam o sensação de sua própria finitude, com mais ênfase, precisam de reciprocidade, principalmente daqueles para quem prodigalizaram o seu afeto por toda uma vida, são deprimentes as dificuldades com a idade, para se colocar no mercado de trabalho, as limitações físicas, esses vieses são apenas como receber acenos de despedida. O preconceito etário, é outro dentre seu mitos de sísifo diários. Nessa fase, as coisas ruins acontecem como uma metástase, então a depressão costuma se insinuar com veemência, haja resiliência para escapulir a tanta prepotência.

O convívio social, sem etarismo, é muito significativo para um envelhecimento psicologicamente saudável, sem esses e outros terrorismos. Nesse assunto e em todos os outros, talvez a melhor, dentre tantas preces é aquela que diz: "Só o amor nos rejuvenesce." Valorizar a memória do idoso, reconhecendo-o como titular de direitos, sem preconceitos é um bom início, para caminharmos de um modo mais perfeito e propício.

Como mudar a qualidade psicológica de vida, cicatrizando as feridas, para idosos confinados em uma clínica, onde ganhar dinheiro com a situação, é a grande verdade cínica, vendo-os esperando a morte chegar, com o lema, vamos com fé, porque a rota não vai mudar? Essa é a pergunta central para esse trabalho, sem atalhos.

A vida é uma sensação incomensurável, porém, curta. É muito pouco o tempo que temos, para verdadeiramente, dela nos apropriarmos. Perdemos um tempo enorme com tolices, com juízos de valor, com preconceitos igrejais tolos, mais abrindo abismos, do que construindo pontes. Ao final de nossas vidas, podemos ter aquele encontro ao qual se refere alguém, como o mais encantador, ou o mais trágico de nossas vidas.

Não importa o que tenhamos feito, importa fazer sempre novamente, aquilo que entendermos como o melhor para nós e para aqueles com os quais convivemos. Barthes.