Humano desejo celeste!

Tranco-me em minha prisão desgradeada e ao tentar ultrapassar suas barreiras, sempre caio em mim. O que me mantém vivo é a segurança que ela me dá.

Olhar as paredes; desagradáveis marcas de dor.

Então faço presente meu vício...deixar o tempo passar.

Sempre na espera de romper essas correntes de mágoa.

Aprendi a admirar o céu e com ele, todo seu espaço e todas as boas coisas que dele recebi. A luz das estrelas, ilumina estas pobres linhas de um incansável romântico; a lua sorri e norteia meus desejos mais profundos; a leve brisa que o azul do espaço incide em meu rosto é como um beijo terno de boa noite.

Mas, tímido e debruçado em uma núvem, percebo um singelo sorriso, de quem à mim é o mais belo dos seres: um anjo!

A princípio não sei se um mestiço ou não, mas desparou meu coração. Em seu contato me disse ser um anjo caído, pois cometeu um pecado celestial, apaixonou-se por um humano e no devaneio de sua loucura abriu mão da eternidade para tocá-lo.

Vendo-me deste amor servo e prisioneiro, fiz então do meu vício um simples movimento...voar!!

E na condição humana, aquele tímido anjo descobriu o amor, o carinho, a paixão e todas as benfeitorias e mazelas terrenas. Agitado mas ao mesmo tempo muito feliz, o nobre Querubim fez-se vivo para desfrutar esta realidade que se estenderia pelos séculos.

Eu de minha humilde forma humana, subjulgada, desejei não ser o avesso do que eu era antes. Tal anjo fez de meus dias, vidas; da madrugada, um quadro azul; e de minha vida, uma razão para minha existência.

Ao céu subirei, não para me despedir do eterno Querubim. Mas, para trazer à sua história a mais brilhante das estrelas.